Daniel Pereira
postado em 20/08/2009 08:40

Ressaltou ainda que o principal trunfo da chefe da Casa Civil é o fato de ser a escolhida de Lula, governante embalado por um nível recorde de aprovação popular. Diante dos resultados, o presidente e conselheiros de Dilma concluíram ser necessária a construção de uma imagem própria para a ministra. Depois da ;mãe do PAC;, a meta é vesti-la com o figurino de ;mãe do sonho da casa própria;, um bem de apelo popular maior do que, por exemplo, obras na área de infraestrutura. Não haverá campanha publicitária ligando a ministra ao programa Minha Casa, Minha Vida. A ideia é promover a associação por meio de discursos e eventos públicos.
A fim de facilitar a execução do plano, Lula e Dilma retomarão uma agenda de viagens. Para auxiliares de ambos, as inaugurações pelo país, apesar de não receberem tanta atenção da chamada grande imprensa, despertam o interesse da mídia local. Assim, ajudam a divulgar o nome da ministra fora dos principais centros urbanos, onde ela é mais conhecida. ;A execução do Minha Casa, Minha Vida é de responsabilidade da Caixa Econômica Federal. A ministra deu uma enorme contribuição na concepção do programa. Todos os empresários sabem da importância dela. Isso ficará claro na campanha;, diz um dos ministros mais influentes do governo.
Agenda negativa
A construção de uma imagem positiva também tenta neutralizar a estratégia da oposição de criar, segundo governistas, dois estigmas negativos para Dilma. Um deles é de ser ;desrespeitosa;(1) com subalternos. O outro é de uma presidenciável sem compromisso com a verdade. Na campanha presidencial, PSDB e DEM pretendem lançar mão, por exemplo, do depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, que acusa a ministra de lhe ter pedido para ;agilizar; uma investigação tributária sobre a família Sarney.
Também serão relembradas as denúncias de intervenção indevida da chefe da Casa Civil no processo de venda da Varig para o fundo americano Matlin Patterson e de criação de um dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de erros de informações(2) no currículo. Dilma nega as acusações. Hoje, está a palavra do acusador contra a do acusado. ;A oposição não muda dessa tecla. O tempo todo tenta desqualificar a ministra;, declara o ministro. ;Faz isso porque está sem discurso e não se sente em condições de discutir propostas para o país;, acrescenta.
Lançado em março, o Minha Casa, Minha Vida é um dos principais trunfos de Dilma, junto com o Bolsa Família. A oposição teme o apelo eleitoral do tema moradia. No fim do primeiro semestre, encomendou uma pesquisa a fim de detectar o humor da população com relação à iniciativa destinada a reduzir o déficit habitacional do país. O levantamento mostrou um elevado grau de aprovação. Esmiuçado, deu munição a tucanos e democratas para o embate. No caso, a insatisfação dos pesquisados com a possibilidade de as residências serem construídas na periferia dos centros urbanos. Segundo a direção do PSDB, a maioria não quer morar longe do coração dos municípios.
1- Mandona
Para o governo, a fama de durona de Dilma é uma qualidade. Na campanha, a ideia é vender a tese de uma pessoa zelosa, cumpridora de suas funções e em nada parecida com a morosidade dos serviços públicos. ;Se a oposição insistir em chamá-la de durona por cobrar o cumprimento de metas e prazos, vai ajudá-la na eleição;, diz um petista graduado. Não é esse o quadro que a oposição pretende pintar. PSDB e DEM discursarão um tom acima, tachando-a de autoritária. E insinuarão que ela desanca subalternos em reuniões de trabalho, a ponto de levá-los a pedir demissão, como o então secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Luiz Eira.
2- Currículo
No mês passado, os tucanos festejaram a divulgação de que não era correto o currículo de Dilma divulgado na Plataforma Lattes e no site oficial da Casa Civil. A ministra admitiu, por exemplo, que não tem mestrado pela Unicamp e mandou corrigir os erros. O PT já está preparado para rebater o caso. Nesta semana, o líder da bancada no Senado, Aloizio Mercadante (SP), lembrou que currículos do governador de São Paulo, José Serra, também diziam que ele era formado em engenharia. Essa informação não procede