Politica

Entrevista - Flávio Arns: "O partido mudou"

postado em 21/08/2009 08:37
O senador Flávio Arns (PT-PR) comunicou nesta quinta-feira (20/8) oficialmente ao líder Aloizio Mercadante (PT-SP) que se desligará do partido. ;Queríamos uma coisa simples: esclareça-se, investigue-se. O Senado não pode simplesmente não investigar. Lula, com tanta popularidade, poderia fazer isso com pé nas costas. Pedir justiça e transparência;, disse. Confira os principais trechos da entrevista:

A decisão de sair é irrevogável?
É, vou sair. Pedi para os advogados me ajudarem. Gostaria que houvesse uma decisão judicial porque hoje só se diz que o parlamentar perde o mandato. Só se fala da fidelidade do parlamentar ao partido. E a fidelidade do partido aos seus ideais. Acho que essa discussão deve ser feita. Estou saindo porque o PT mudou completamente.

Como o senhor vê as ações do presidente Lula em defesa de Sarney, a defesa de Henrique Meirelles como candidato em Goiás?
No caso do Sarney, isso desarticula, desautoriza a bancada. A bancada foi eleita e tem que ter um compromisso com a consciência, com o eleitor e com o partido, nessa ordem. A nota do (Ricardo) Berzoini (presidente do PT) não foi discutida, assim como a candidatura de Meirelles, não houve debate.

E Marina Silva? O senhor acha que muitos petistas podem migrar com ela? O senhor vai para o PV?
As bases do PT não concordam com o que vem sendo orientado no Congresso. Não existe sintonia. O PT aceitou que o presidente Lula coordenasse a escolha do candidato. Mas muita gente pode migrar agora. Como ocorreu na saída de Heloísa Helena para o PSol, sem dúvida ocorrerá com a ida de Marina para o PV. Ela é sensata, correta e com credibilidade. Ainda não defini meu destino.

O senhor acha que a crise acabou com o arquivamento das representações contra Sarney?
O problema não é o Sarney. Somos nós mesmos. Vimos um trator vir para cima. Fomos eleitos para aguentar pressões, mas a atitude foi errada, em desacordo com os princípios e o clamor da sociedade. O que queríamos? Que se investigasse. O Lula tem tanta popularidade que poderia fazer isso com um pé nas costas. Ah, mas isso pode interferir no apoio do PMDB ao PT. Mas o partido precisa saber que mais importante que apoios é a sociedade ter instituições boas. É o que eu acredito.

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