Luiz Freitas, Juliska Azevedo
postado em 21/08/2009 09:55
Depois de defender publicamente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao longo dos últimos meses, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, minimizou a crise que esse apoio provocou dentro do PT. Durante entrevista coletiva concedida a quatro rádios do Rio Grande do Norte, minutos antes de seguir para Ipanguaçu, a 220km de Natal, na região central do estado, onde inaugurou sete câmpus do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Lula garantiu: ;Não vejo crise no PT;.E acrescentou: sua amizade com a senadora Marina Silva (AC), que anunciou desligamento da legenda na última quarta-feira, é ;superior à relação partidária; e não será abalada pela decisão tomada pela ex-ministra do Meio Ambiente. ;Conheço a Marina há 30 anos. Ela foi minha ministra até quando quis, saiu porque pediu demissão. Se a pessoa quer sair de um partido, se não está confortável, é um direito da pessoa. E se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar, é porque estava com a opção feita;, analisou.
Lula vê com a mesma tranquilidade a atitude do senador Flávio Arns (PR), que anunciou a intenção de deixar o partido em função da posição do PT a favor de José Sarney. ;Ele é um companheiro que tem os seus valores, mas sempre foi muito encrencado com o PT;, avaliou. ;Se ele quiser sair, sai também. Mas o PT continua forte e com muitas possibilidades.;
;Muita fumaça;
O presidente Lula se disse ;otimista; de que a crise política e a sucessão de escândalos de corrupção terão fim no país. Repetindo discurso que já havia feito em outras ocasiões, afirmou que a corrupção só aparece na imprensa quando está sendo combatida. ;Quando se coloca a Polícia Federal para fazer a investigação, quando existe um Ministério Público com a liberdade que se tem no Brasil, quando há uma Controladoria-Geral da República que fiscaliza todo o dinheiro federal espalhado pelo país, as coisas começam a aparecer;, justificou.
[SAIBAMAIS] Lula ainda recomendou cuidado com pré-julgamentos ao dizer que às vezes os escândalos envolvem ;muita fumaça e pouco fogo;. E alertou para o que considera um erro comum no país: a condenação antecipada de pessoas por meio de manchetes de jornais.
O presidente defendeu reformas para melhorar a política brasileira. ;Como é que a gente vai mudar isso sem que haja uma reforma política dura? Ela está lá no Congresso para ser votada. Deus queira que eles (deputados e senadores) tirem da gaveta e votem.;
Diante da plateia da inauguração, Lula até atacou os adversários, mas preferiu se concentrar nos avanços de governo. ;A oposição é pior que doença. Estou em uma fase em que os cães ladram, a caravana passa e eu tenho que governar este país;, discursou. Aclamado diversas vezes, o presidente enfatizou os resultados do Prouni (que deve alcançar 700 mil pessoas até o próximo ano) e a construção de 214 escolas técnicas e de 12 novas universidades.
Ele revelou ter uma motivação pessoal nesses investimentos. ;Eu e o José Alencar somos, talvez, na história do mundo, os primeiros presidente e vice-presidente que não têm diploma universitário;. E completou, em tom de brincadeira: ;Se eu me invocar, quando deixar a Presidência, vou me candidatar a uma vaga no Prouni para ficar igual a vocês;.