Daniel Pereira
postado em 25/08/2009 09:17
Ao receber, em São Paulo, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para um almoço com um bacalhau que mandou vir especialmente do Brás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a fazer as contas do que é necessário para fechar parceria entre os dois partidos para a construção, ainda este ano, de uma base que garanta a aliança em 2010 e dê à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a estabilidade de que precisa ; não só para vencer, mas também para governar. A ideia é criar uma joint venture, ou seja, uma sociedade entre peemedebistas e petistas no futuro. Foi o primeiro encontro entre PMDB e PT depois da operação que salvou José Sarney de ser investigado no Conselho de Ética do Senado, um movimento que Lula não deixou de citar.Ficou acertado, por exemplo, que a aliança nacional terá prioridade sobre os estados. ;Ficou pre-alinhavado que queremos estar juntos em 2010 e que faremos tudo para acertar os palanques estaduais. E, onde não conseguirmos, a ideia é trabalhar para que não comprometa a aliança nacional;, contou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que participou da reunião ampliada.
Ao repassar o quadro eleitoral dos estados, pela primeira vez, num encontro político em que não estavam apenas petistas, o presidente falou do seu interesse em ter o deputado Antonio Palocci (PT-SP) como candidato a governador em São Paulo, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) considere o ex-ministro da Fazenda inocente na quebra de sigilo do caseiro Francenildo.
A menção a Palocci é sinal de que a opção Ciro Gomes (PSB-CE) como candidato paulista vem perdendo força dentro do governo e do próprio PT, que tem dificuldades em ceder a cabeça de chapa no seu berço eleitoral. No encontro à tarde, em que estavam ainda o presidente do PT, Ricardo Berzoini, Vaccarezza e o líder do PMDB Henrique Eduardo Alves (RN), eles repassaram o que consideram estados-chaves para garantir a aprovação da aliança na convenção do PMDB que escolherá o caminho do partido para 2010.
Citaram como exemplo a Bahia, onde o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, se mostra cada vez mais candidato contra o governador Jaques Wagner, que concorrerá à reeleição. Outro estado mencionado foi o Pará, governado pela petista Ana Júlia Carepa, que terá como adversário o deputado Jader Barbalho (PMDB). Entre os petistas há o receio de que Jader e Geddel estejam se preparando para pular do barco PT-PMDB.
Resistência
Jader, por enquanto, resiste a enfrentar uma campanha para o Senado, onde passou por maus bocados numa guerra com o senador Antonio Carlos Magalhães, em 2001, quando os dois se viram obrigados a renunciar para não correr o risco de acabar inelegíveis. Geddel, da sua parte, prefere ser candidato a governador, e ficar numa posição mais confortável. Assim, se ficar fora de um segundo turno, poderá seguir os ventos que estiverem mais fortes rumo à Presidência da República, seja o PSDB ou o PT. É isso que Lula não quer. Ele quer a aliança já.
Se valer o esforço pró-aliança não é apenas o PMDB que terá que abrir mão. Em Mato Grosso do Sul, o ex-ministro José Dirceu fechou acordo para fazer de Zeca do PT candidato a governador contra André Puccinelli (PMDB). E se um retirar, o outro também precisará ter a mesma atitude. Por enquanto, PT e PMDB definiram que desejam a aliança. Falta combinar com aqueles que votam na convenção dos dois partidos para fazer valer o acordo.
"Ficou pre-alinhavado que queremos estar juntos em 2010 e que faremos tudo para acertar os palanques estaduais"
Cândido Vaccarezza, deputado federal