Diário de Pernambuco
postado em 16/09/2009 08:47
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está articulando um jantar em sua casa para uma seleta plateia de senadores aos quais pretende apresentar uma cartilha com a resposta a todas as denúncias contra sua gestão à frente do Senado, que atribui a uma "perseguição da mídia". Os convites foram escritos à mão, pelo próprio Sarney, que excluiu vários integrantes da base aliada, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), dois que se recusaram a votar a seu favor no Conselho de Ética. Inicialmente, o jantar estava marcado para ontem, mas foi adiado e substituído por discurso em plenário, com ataques à mídia.A assessoria de Sarney confirma que existe um livreto que respalda as acusações de Sarney à imprensa, mas que ainda passa por um processo de revisão e acabamento. O convite deixa claro a seleção criteriosa ao mencionar "especial empenho" do presidente do Senado em receber "alguns colegas", "a partir das 20h30". Nem o primeiro-secretário da mesa, Heráclito Fortes (DEM-PI), que durante a crise conseguiu salvo-conduto do DEM para não se alinhar ao partido no pedido de renúncia de Sarney, foi convidado.
O jantar faz parte de uma tentativa de Sarney reconstruir o prestígio abalado pelas denúncias que levaram a uma pressão pela sua renúncia e que geraram 11 ações no Conselho de Ética do Senado contra sua gestão. Simultaneamente, Sarney tem se reaproximado de jornalistas que vinha evitando no auge da crise, recorrendo até mesmo a um cinturão de segurança que impedia a proximidade com repórteres. A mudança na Comunicação do Senado também inclui um programa exclusivo para Sarney, nos mesmo moldes do que ele tinha quando era presidente da República ("Conversa ao Pé do Rádio"). O programa atual chama-se "A Voz do Presidente".