Politica

Sarney adia leitura de documento que cria CPI do MST

Com isso, o presidente do Senado dá tempo para o governo convencer parlamentares a retirarem assinaturas. Oposição já prevê vitória do Palácio do Planalto

postado em 25/09/2009 08:05
O deputado Ronaldo Caiado classificou a manobra do senador José Sarney de Estimulado por pressão do governo e com uma boa mãozinha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o movimento no Congresso para enterrar a CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganha força. Dois deputados já retiraram as assinaturas do requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a legalidade de repasses federais a entidades ligadas ao MST. Para invalidar a iniciativa, é preciso que outros 11 deputados e dois senadores excluam seus nomes do documento.

Há duas semanas, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) apresentou o pedido de criação da CPI, com 29 assinaturas de senadores e 183 de deputados. Desde então, o governo começou a pressão. Já conseguiu convencer os deputados Ciro Nogueira (PP-PI) e Camilo Cola (PMDB-ES) a desistirem de apoiar a CPI. Enquanto isso, Sarney deu mais tempo para o Palácio do Planalto agir ao adiar de ontem para a semana que vem a leitura do documento sobre a CPI. Uma vez lido em plenário, o inquérito parlamentar é considerado criado, aguardando apenas a instalação dos trabalhos.

Críticas
O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), criticou a decisão de Sarney. ;O presidente do Congresso deveria se poupar e não ter uma atitude patética como essa;, disparou o democrata. ;O governo está tendo o controle direto da pauta do Congresso;, emendou. Kátia Abreu endossou o protesto ao lamentar o tempo que o governo ganhou com a manobra de Sarney. ;Esse é o risco que nós corremos. Faz parte do jogo democrático essas tentativas de postergar leitura;, disse a senadora, que também é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e é uma das principais articuladoras da CPI.

Pró-MST
Além de adiar a sessão do Congresso Nacional, Sarney fez um discurso em defesa do MST na quarta-feira. ;E um erro olhar o problema dos sem-terra pelo lado penal, criminalizá-lo. Os excessos ; e eles existem ; devem ser punidos, bem como o desrespeito à propriedade. Mas não devemos radicalizar. Temos que evitar o confronto e não demonizar o MST;, emendou.

Os parlamentares de oposição viram nas palavras de Sarney uma crítica à iniciativa de investigar o movimento. E já apostam que, de hoje até o dia da leitura do requerimento, não haverá mais assinaturas necessárias para a criação da CPI.

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