postado em 01/10/2009 09:54
Foi uma filiação relâmpago e conveniente para a eleição do ano que vem. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, decidiu trocar o PMDB pelo PT dentro do prazo permitido pela Justiça Eleitoral para manter aberta a possibilidade de ser candidato. Concorrer ao Senado ou à Câmara agradam ao chanceler, mas se depender dos petistas ele já tem uma vaga de candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro garantida.O ato de filiação ocorreu na quarta-feira, um dia depois de Amorim ter uma rápida conversa com o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), sobre suas intenções. O dirigente petista acelerou a burocracia partidária (1) e indicou que ele assinasse a ficha de seu domicílio eleitoral em Teresópolis (RJ). ;Ele me ligou e me consultou sobre o que deveria fazer para se filiar. Perguntei se ele tinha alguma pretensão de se candidatar, ele me disse que não, mas que não descarta a possibilidade;, afirmou Berzoini.
O chanceler foi do PMDB pelas mãos do ex-deputado Ulisses Guimarães, mas nunca teve militância. Amorim começou a cogitar trocar de partido em 2006 quando participou de palanques na campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tomou gosto pela coisa, mas engavetou o projeto até esta semana, quando se encerra o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para se inscrever num partido e disputar a eleição. Como alimenta um desejo de passar pelo crivo das urnas, apressou-se e pediu a orientação a Berzoini.
[SAIBAMAIS];Ele pode ter essa alternativa de se candidatar, como um cidadão qualquer, que faz parte do projeto defendido pelo presidente Lula;, afirmou o presidente petista. Berzoini esquivou-se de dizer se os planos já estão traçados, mas outros dirigentes afirmaram que Amorim não teria dificuldade de conseguir apoio do partido para uma vaga à Câmara, já que este seria seu primeiro teste eleitoral. ;O Senado seria algo mais arriscado;, afirmou um parlamentar. Amorim, 67 anos, é obrigado a se aposentar de maneira compulsória quando completar 70. Paulista da cidade de Santos, ele fez carreira no Rio como diplomata. Como petista, ele torna-se o 17; ministro representante do partido na Esplanada.
Sonho
Assim como o ministro das Relações Exteriores, outras pessoas correram para encontrar um partido e manter aceso o sonho de ter o nome nas urnas. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), assinou a ficha de filiação do PSB, animado com o convite do deputado Márcio França, presidente estadual, para disputar o governo paulista.
Com Skaf, fica embolado o jogo por São Paulo e cria empecilhos para que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) transfira seu título e dispute o governo paulista, como gostaria o presidente Lula. Nesse cenário, ganha corpo a candidatura ao Planalto, dividindo a base aliada com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
No palco paulista, um acerto entre o PT e o PSB é cada vez mais difícil. Os petistas têm três nomes: o deputado Antônio Palocci, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e Emídio de Souza, prefeito de Osasco.
1 - Mandatos
No ápice do troca-troca partidário, o DEM decidiu pedir na Justiça o mandato da deputada Nilmar Ruiz (TO), que saiu na semana passada. Até agora, os partidos têm sido condescendentes com as desfiliações. O PMDB é a legenda que mais perdeu deputados, e o PSC o que mais ganhou, mas não buscou a Justiça para manter seus mandatos.