Politica

PSB aposta no empresariado para as eleições 2010

Partido filia expoentes do setor privado de olho nas doações de campanha. Ciro transfere domicílio eleitoral para São Paulo

postado em 02/10/2009 08:11

Sexto colocado no ranking dos partidos mais votados para a Câmara, o PSB apostou no ciclo de filiações para se tornar a quarta maior legenda depois das eleições de 2010. Com uma estratégia voltada para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país, o partido trouxe para seus quadros lideranças empresariais e políticas que seriam capazes de criar uma rede de apoio às suas pretensões eleitorais, com destaque para a interlocução com o empresariado e os potenciais doadores de campanha.

Ciro (E) e Campos (D) acertaram a transferência do domicílio eleitoral para São Paulo, que mantém a chance de o deputado concorrer em São PauloEm São Paulo, a sigla seduziu Paulo Skaf, presidente da Fiesp, e Gabriel Chalita (ex-PSDB), vereador mais votado na capital. Já o ex-ministro e empresário Walfrido dos Mares Guia (ex-PTB) foi a cartada socialista para dar fôlego à legenda em Minas Gerais. O PSB também atuou no varejo(1). As jogadas polêmicas foram as filiações que incluíram os jogadores de futebol Marcelinho Carioca, em Santo André (SP), e Romário, no Rio de Janeiro.

;Nós tínhamos uma situação precária nesses três estados, e a direção nacional determinou um esforço para filiar pessoas capazes de fortalecer o partido. Precisamos de pessoas capazes de criar pontes com outras lideranças e com potenciais de votos;, disse o secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande (ES). Essa rede de sustentação caiu como uma luva aos socialistas em ambos os cenários com que trabalham: lançar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) candidato à Presidência da República ou deslocá-lo para disputa ao governo de São Paulo.

Ontem (1;/10), a Direção Nacional do PSB decidiu que o parlamentar transferirá seu domicílio eleitoral para a capital paulista. O partido entendeu que não poderia fechar as portas para a estratégia traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula deseja transformar a eleição nacional num plebiscito polarizado entre o PT e o PSDB, num confronto entre os que aprovam e desaprovam seu governo. Para a ideia dar certo, Ciro, nos planos de Lula, concorreria ao Palácio dos Bandeirantes. Essa decisão só será tomada em fevereiro do ano que vem.

;Vamos deixar as portas abertas. Vamos fazer essa homenagem, com muito prazer, a uma das analises que o presidente Lula faz e seguir com a pretensão franca e honesta de que queremos disputar a Presidência, desde que essa pretensão não ponha em nenhum remoto risco o nosso projeto para melhorar o Brasil;, afirmou Ciro Gomes, depois de se reunir, ontem, com o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

O governador disse que contribuiu para a transferência uma hipótese polêmica que poderia inviabilizar a candidatura de Ciro se ele mantivesse o título no Ceará. Por tal hipótese, Ciro não poderia concorrer pelo Ceará de novo já que seu irmão Cid Gomes disputará a reeleição ao governo. ;A posição da direção é que ele deveria fazer a transferência para São Paulo porque é o estado de maior população e mais importante economicamente;, afirmou o governador pernambucano.

O senador Casagrande sustentou que as filiações de Skaf, Chalita e Walfrido se encaixam no projeto mesmo que se decida apoiar a pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff, desde o primeiro turno. ;É importante fortalecer o PSB mesmo que se decida lá na frente que o Ciro não será candidato, porque precisamos criar uma alternativa a essa polarização que existe entre PT e PSDB, que é muito ruim para a democracia;, afirmou o senador.

O PSB quer desbancar PP e DEM e ficar atrás somente de PT, PMDB e PSDB em número de votos para a Câmara. Em 2006, os socialistas alcançaram 5,7 milhões de votos. Para alcançar o objetivo, precisaria, pelo menos, dobrar o número de eleitores. Em São Paulo, a legenda planeja ter candidato próprio ao governo (Skaf ou Ciro) e colocar Chalita na briga pelo Senado.


1- Bancada federal
O PSB traçou como meta dobrar os estados governados, que hoje são três (Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará), e ter uma votação na eleição proporcional capaz de levar de 50 a 60 deputados à Câmara. As filiações do partido não levaram muito em conta a relação com as bandeiras socialistas. Para elevar sua votação em São Paulo, houve até namoro com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). O convite não foi para frente por veto do presidente Lula. E por uma aposta do tucano, que preferiu brigar no partido para ser novamente candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

"Vamos seguir com a pretensão franca e honesta de que queremos disputar a Presidência, desde que essa pretensão não ponha em risco o nosso projeto para melhorar o Brasil"

Ciro Gomes, deputado federal

Ouça entrevista com Ciro Gomes sobre a mudança de domicílio eleitoral para São Paulo:

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