Sexto colocado no ranking dos partidos mais votados para a Câmara, o PSB apostou no ciclo de filiações para se tornar a quarta maior legenda depois das eleições de 2010. Com uma estratégia voltada para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país, o partido trouxe para seus quadros lideranças empresariais e políticas que seriam capazes de criar uma rede de apoio às suas pretensões eleitorais, com destaque para a interlocução com o empresariado e os potenciais doadores de campanha.
Em São Paulo, a sigla seduziu Paulo Skaf, presidente da Fiesp, e Gabriel Chalita (ex-PSDB), vereador mais votado na capital. Já o ex-ministro e empresário Walfrido dos Mares Guia (ex-PTB) foi a cartada socialista para dar fôlego à legenda em Minas Gerais. O PSB também atuou no varejo(1). As jogadas polêmicas foram as filiações que incluíram os jogadores de futebol Marcelinho Carioca, em Santo André (SP), e Romário, no Rio de Janeiro.
;Nós tínhamos uma situação precária nesses três estados, e a direção nacional determinou um esforço para filiar pessoas capazes de fortalecer o partido. Precisamos de pessoas capazes de criar pontes com outras lideranças e com potenciais de votos;, disse o secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande (ES). Essa rede de sustentação caiu como uma luva aos socialistas em ambos os cenários com que trabalham: lançar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) candidato à Presidência da República ou deslocá-lo para disputa ao governo de São Paulo.
Ontem (1;/10), a Direção Nacional do PSB decidiu que o parlamentar transferirá seu domicílio eleitoral para a capital paulista. O partido entendeu que não poderia fechar as portas para a estratégia traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula deseja transformar a eleição nacional num plebiscito polarizado entre o PT e o PSDB, num confronto entre os que aprovam e desaprovam seu governo. Para a ideia dar certo, Ciro, nos planos de Lula, concorreria ao Palácio dos Bandeirantes. Essa decisão só será tomada em fevereiro do ano que vem.
;Vamos deixar as portas abertas. Vamos fazer essa homenagem, com muito prazer, a uma das analises que o presidente Lula faz e seguir com a pretensão franca e honesta de que queremos disputar a Presidência, desde que essa pretensão não ponha em nenhum remoto risco o nosso projeto para melhorar o Brasil;, afirmou Ciro Gomes, depois de se reunir, ontem, com o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O governador disse que contribuiu para a transferência uma hipótese polêmica que poderia inviabilizar a candidatura de Ciro se ele mantivesse o título no Ceará. Por tal hipótese, Ciro não poderia concorrer pelo Ceará de novo já que seu irmão Cid Gomes disputará a reeleição ao governo. ;A posição da direção é que ele deveria fazer a transferência para São Paulo porque é o estado de maior população e mais importante economicamente;, afirmou o governador pernambucano.
O senador Casagrande sustentou que as filiações de Skaf, Chalita e Walfrido se encaixam no projeto mesmo que se decida apoiar a pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff, desde o primeiro turno. ;É importante fortalecer o PSB mesmo que se decida lá na frente que o Ciro não será candidato, porque precisamos criar uma alternativa a essa polarização que existe entre PT e PSDB, que é muito ruim para a democracia;, afirmou o senador.
O PSB quer desbancar PP e DEM e ficar atrás somente de PT, PMDB e PSDB em número de votos para a Câmara. Em 2006, os socialistas alcançaram 5,7 milhões de votos. Para alcançar o objetivo, precisaria, pelo menos, dobrar o número de eleitores. Em São Paulo, a legenda planeja ter candidato próprio ao governo (Skaf ou Ciro) e colocar Chalita na briga pelo Senado.
1- Bancada federal
O PSB traçou como meta dobrar os estados governados, que hoje são três (Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará), e ter uma votação na eleição proporcional capaz de levar de 50 a 60 deputados à Câmara. As filiações do partido não levaram muito em conta a relação com as bandeiras socialistas. Para elevar sua votação em São Paulo, houve até namoro com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). O convite não foi para frente por veto do presidente Lula. E por uma aposta do tucano, que preferiu brigar no partido para ser novamente candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
"Vamos seguir com a pretensão franca e honesta de que queremos disputar a Presidência, desde que essa pretensão não ponha em risco o nosso projeto para melhorar o Brasil"
Ciro Gomes, deputado federal
Ouça entrevista com Ciro Gomes sobre a mudança de domicílio eleitoral para São Paulo: