postado em 08/10/2009 09:20
A candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ganhou dois sinais positivos: PDT e PMDB demonstraram entusiasmo com a possibilidade de apoiá-la na corrida(1) pelo Palácio do Planalto no ano que vem. Mas, como em política nada vem de graça, cada partido tem uma fatura a cobrar. O PMDB quer ser vice na chapa petista. O PDT deseja condicionar a fidelidade nacional a um ganho nos estados.O gesto mais significativo para Dilma partiu do PMDB. Pela primeira vez as cúpulas do partido no Senado e na Câmara falaram o mesmo idioma: disseram que se interessam pelo posto de vice na chapa petista. O líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) foi o anfitrião de um jantar na quarta-feira que contou com a presença dos principais nomes do partido, como o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), o presidente do Senado, José Sarney (AP), além de Renan Calheiros (AL), líder da bancada de senadores. ;A sinalização das cúpulas é importante para repercutir nas bases;, avaliou o deputado potiguar.
Os primeiros efeitos do aceno são perceptíveis. Caciques peemedebistas com problemas locais com o PT começam a mudar o tom. O deputado Jader Barbalho, em pé de guerra com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PA), e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, às turras com o governador da Bahia, Jaques Wagner, engoliram em seco e defenderam o acordo com Dilma.
[SAIBAMAIS]Os peemedebistas esperam selar a aliança rapidamente. Michel Temer informou que a reunião que marcará o casamento das legendas será em duas semanas. ;Vamos nos encontrar na semana após a viagem do presidente Lula para a Bahia para discutir a questão;, disse Temer.
Maior partido do país em número de filiados e administrando 1.300 prefeituras, o PMDB é considerado um aliado estratégico. Além da chamada capilaridade ; por ter muitos prefeitos e vereadores no interior que fazem papel de cabos eleitorais numa eleição presidencial ; o partido terá o maior tempo de televisão durante a propaganda eleitoral gratuita.
Com esse cenário, o PT priorizou a conversa com o PMDB e deixou de lado as negociações com as outras legendas que dão suporte ao presidente Lula no Congresso. Escanteado, o PDT estabeleceu a estratégia possível para vender o passe. Como não quer se tornar insignificante na aliança, lançou a tese de que poderia lançar candidato próprio ou ser vice numa outra chapa da base governista.
Padrões
Ciente desse balão de ensaio, Dilma aceitou um convite da legenda para conversar sobre 2010 e ouviu só elogios. Mais ainda. Teve a palavra do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do partido, de que todo o esforço será feito para formalizar a parceria. Os pedetistas pretendem fazer um mapa das disputas estaduais para saber onde os dois partidos são concorrentes para estabelecer padrões. Em estados onde tem chances, o PDT pretende contar com o apoio do PT. É o caso do Paraná. O senador Osmar Dias, pré-candidato ao governo, espera a boa vontade petista. O partido de Lula, porém, deve apoiar o governador Roberto Requião (PMDB), rival de Dias. Problema à vista
Essas faturas não assustam os petistas, que dizem ser normal os aliados estenderem a corda no auge das negociações. O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), que participou do jantar de Dilma com o PDT, comemorou as sinalizações positivas. ;Nós vamos fazer a maior aliança já feita pelo PT. Nem o presidente Lula, nas eleições, conseguiu o apoio de tantos partidos;, afirmou o petista.
1 - Xadrez favorável
Com a pré-campanha esquentando, a ministra Dilma Rousseff espera colecionar apoios das legendas governistas. Depois de PDT, PMDB e PRB, ela discutirá 2010 com o PR na próxima semana. O PP espera por uma reunião.
O PCdoB trabalha para que a base aliada tenha um único concorrente. O PSB está dentro do campo dos governistas mas tem pré-candidato, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Lula quer ele seja deslocado para disputar o governo de São Paulo e abra espaço para o PSB também dar suporte a sua pupila.