Os criadores do filme Lula, o filho do Brasil prometem emocionar a plateia a partir de janeiro de 2010. Lançado em ano de eleição, a película narra parte da história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do nascimento à morte da mãe, dona Lindu, no início da década de 1980. Com um custo de R$ 12 milhões, o produtor Luiz Carlos Barreto ; pai de Fábio Barreto, o diretor ; espera um público de 20 milhões de brasileiros. O número não é modesto ; mas os incentivos dados pela produtora às centrais sindicais já será um pontapé inicial.
A intenção é exibir o filme aos trabalhadores com preços mais acessíveis. Inicialmente, a ideia é exibir a película em um cinema da capital paulista, para cerca de 400 pessoas, entre sindicalistas e familiares, gratuitamente. ;Nesse meio (centrais sindicais), as pessoas se enxergam nessa história e muitos, na verdade, participaram dela;, afirma um integrante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma entidade ligada ao PT. ;Há uma expectativa muito grande, uma grande curiosidade. Primeiro, pelos trabalhadores da época (em que Lula liderou o movimento sindical) e também pelos mais jovens;, reconhece o deputado federal Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho. Somente a CUT, aliás, possui 7,4 milhões de filiados em todo o país.
O filme terá pré-estreias, no próximo mês, no Recife, em São Bernardo do Campo e na capital federal, na abertura do Festival de Brasília. Apesar do fato de que o filme não foi beneficiário de leis de incentivo, a oposição reagiu à estreia do filme em 2010, quando o debate sobre o sucessor de Lula no Palácio do Planalto estará no auge. ;Isso (o filme) cria um clima, uma motivação, um sentimento. E eleição é emoção, a parte lógica é limitada. É mais um instrumento para motivar e trazer resultados para a candidata dele;, afirma o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO). O democrata, entretanto, pondera que o filme apenas confirma a imagem popular do presidente Lula, reiterada constantemente em discursos do próprio petista. A viagem do presidente à transposição do Rio São Francisco, que se encerra hoje, é apontada por Caiado como exemplo da figura carismática do ex-metalúrgico.
Para o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), a exibição do filme(1) não terá uma relação direta com os votos da candidata petista. Líder do partido na Câmara, Vaccarezza avalia que boa parte dos futuros espectadores já são eleitores de Lula. A opinião, na verdade, também é compartilhada por políticos da própria oposição. ;O presidente está quase sendo mistificado, mas de alguma forma, essa imagem já está cristalizada na sociedade;, afirma o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-SP). O tucano defende que o filme não será um diferencial nas eleições de 2010 ; até, porque, avalia, a trajetória do presidente não pode ser confundida com a de sua candidata, Dilma Rousseff.
Imagem atrelada
Na opinião do cientista político Leonardo Barreto, a imagem do presidente atrelada à da ministra é o suficiente para garantir dividendos à Dilma no próximo ano. ;Isso vai ser colocado como uma questão de continuidade ou não.; Barreto avalia que o filme fortalece a imagem de um brasileiro que ;se fez e deu certo; ; daí a admiração e apoio de milhões de brasileiros. ;A ideia das pessoas não é votar em alguém igual a elas, é votar em alguém igual a elas e que deu certo. Essa é a grande diferença. Quando eles escolheram esse título (Lula, o filho do Brasil), na verdade, eles estavam querendo fazer esse tipo de referência;, resume.
1- Adaptação
O livro homônimo que serviu de base para o filme de Fábio Barreto começou a ser elaborado logo após Luiz Inácio Lula da Silva ser derrotado por Fernando Collor na eleição presidencial de 1989. A autora Denise Paraná era na época assessora da campanha petista e fez a biografia baseada em entrevistas com o hoje presidente e com seus irmãos. Vinte anos depois, a película começou num set em Garanhuns, agreste pernambucano e cidade natal do petista.