postado em 18/10/2009 08:00
O PSDB tem problemas em fechar palanques fortes para disputar a Presidência da República. E para o DEM isso é resultado da indefinição de quem será o candidato em 2010: o governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas Gerais, Aécio Neves. Os principais entraves estão localizados em estados das regiões Sul e Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Siva(1) tem os maiores índices de popularidade.Entre os democratas, só crescem as insatisfações com os tucanos. Alijados do processo de definições de estratégias para a eleição presidencial, querem que o PSDB se resolva. É praticamente consenso que, enquanto o governo tem Lula como impulsionador da campanha da ministra Dilma Rousseff, a oposição patina.
A insatisfação chegou dentro do PSDB. O presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE), já admitiu que a candidata governista terá o apoio dos principais partidos e, portanto, mais tempo de televisão durante a propaganda eleitoral gratuita. Ele, agora, está incomodado com o fato de Lula e sua candidata estarem nadando de braçada no período pré-eleitoral e passou a pregar um acordo entre Serra e Aécio ainda este ano para sepultar a indefinição. Um jantar marcado entre ele, o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na próxima terça-feira, em São Paulo, deve apontar uma solução para o impasse.
Sem saber quem será o candidato, os tucanos esbarram em dificuldades de fechar palanques competitivos, o que pode acarretar problemas em locais onde o partido historicamente tem votações significativas nas eleições presidenciais. É o caso de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. E não ajuda nos estados em que, desde 2002, na primeira eleição de Lula, o partido não tem votação expressiva. Nessa lista entram Rio de Janeiro, Maranhão, Paraíba, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Nesses cinco dos nove estados nordestinos, o PSDB quebra a cabeça para forjar alianças significativas capazes de transferir votos em larga escala para Serra ou Aécio.
As turbulências na política gaúcha isolaram os tucanos na polarização entre PMDB e PT. Os peemedebistas estão divididos entre o senador Pedro Simon, presidente da legenda, e o deputado Eliseu Padilha, que comanda os votos do partido. Com a aliança nacional que os peemedebistas pretendem fechar com o PT na próxima quarta-feira, a ministra Dilma Rousseff poderá ter vantagem no estado que a lançou para a política nacional.
É justamente disso que o presidente do PSDB reclama. O impasse engessa as discussões sobre políticas de aliança. No Sul, ainda não é certo se a governadora Yeda Crusius (PSDB) disputará a reeleição ou abdicará do posto para apoiar outro candidato. Os caciques tucanos desejam que ela apoie um nome do PMDB, que deve ser o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
Cabo de força
Essa tensão com o PMDB repete-se em Santa Catarina. PSDB e DEM fecharam acordo com o governador Luiz Henrique Silveira e apontaram três pré-candidatos: o ex-senador Leonel Pavan (PSDB), o senador Raimundo Colombo (DEM), e o ex-vice governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Como num cabo de força triangular, ninguém abre mão da cabeça de chapa e o acordo pode fazer água.
No Paraná, a situação é mais confortável, mas nem por isso menos complicada. Os tucanos têm como pré-candidatos o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o senador Álvaro Dias. Só que estão também com as miras voltadas para o pré-candidato do PDT, o senador Osmar Dias, que flerta com o apoio de Dilma.
A situação é também complicada no Rio de Janeiro. Com a candidatura à Presidência da República da senadora Marina Silva (PV-AC), fecharam-se as portas para um acordo com os verdes e os tucanos ficaram sem candidato. O secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, disse que ainda é cedo para o quadro dos estados estar definido. ()
1- Manobra
O presidente Lula quer diminuir a força do PSDB em São Paulo ao empurrar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ; que deseja ser candidato ao Palácio do Planalto ; para a disputa do governo paulista. Em Minas, ele tenta fechar aliança com o PMDB, mas esbarra nas dificuldades do PT, que quer ter candidato próprio e não aceita apoiar o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).