Mesmo com quase dois meses de prazo, 828 servidores do Senado deixaram de fazer o recadastramento exigido pela Direção-Geral da Casa. O número corresponde a 13,2% do total do quadro de pessoal, incluindo efetivos e comissionados. O órgão, que antes havia garantido que quem não atendesse ao chamado teria o pagamento suspenso, agora promete fazer uma análise detalhada dos dados para, só então, estipular uma possível punição. A mudança na postura da direção pode ser constatada pelos próprios servidores. Os avisos emitidos na intranet sobre o censo antes ressaltavam o corte dos vencimentos. O último, no entanto, indica que os resultados ainda não são conclusivos.
No início, o recadastramento foi celebrado como uma medida que possibilitaria a descoberta de funcionários fantasmas e nepotistas (contratados por parentes). Parte do pacote da reforma administrativa poderia inclusive ajudar a enxugar a pesada folha de pagamento da Casa, prevista para fechar o ano em R$ 2,3 bilhões. O censo, contudo, encontrou resistência entre os servidores. E, diante dos quase mil que não enviaram resposta aos questionários da Diretoria de Recursos Humanos, o Senado decidiu procurar justificativas para o número. Prometeu levantar a quantidade de funcionários que estão de férias, em licença maternidade ou em licença médica.
[SAIBAMAIS]O fim do detalhamento para colocar na ponta do lápis o número de servidores ausentes com justificativa está previsto para amanhã. Só aí será tomada uma providência contra os funcionários que, mesmo com 51 dias de campanha intensa, não participaram do censo. A assessoria de imprensa da Direção-Geral da Casa disse que a medida é necessária para que seja feita uma análise caso a caso, e citou uma estatística segundo a qual, em qualquer empresa, a média de funcionários que entra de férias por mês é de 12%.
Retardatários
Essa foi a segunda tentativa da Casa de recadastrar todo o quadro. Inicialmente, o levantamento devia ter terminado em 25 de setembro. Na ocasião, apenas 64% dos servidores haviam preenchido os formulários. Os retardatários receberam mais 21 dias para prestar as informações. Cartazes foram espalhados pelos corredores do Senado. Avisos foram mandados por e-mail. Ainda assim, mais de 13% dos servidores ignoraram o recadastramento.
Vale lembrar que mesmo os que tiveram 30 dias de licença ainda dispuseram de outros 21 para fazer o recadastramento. No censo, os servidores deviam atualizar dados como endereço, número de CPF, lotação, cargo, lista de dependentes e até o ramal que atendem na Casa. Apenas os terceirizados foram liberados, sob a justificativa de que os responsáveis pela gestão desses funcionários são as empresas contratadas pela Casa para fornecer mão de obra.
Na comparação entre o número de efetivos e de comissionados, foram os funcionários de livre provimento os que mais deixaram de apresentar os dados. Segundo a Direção-Geral, dos 2.866, 463 (16,1%) não fizeram o recadastramento. O percentual de servidores do quadro efetivo que deixou de fazer o censo é menor: 10,7%.
Quando são levados em conta os números de funcionários de cada setor da estrutura do Senado, foram os do Prodasen os que mais colaboraram com a prestação dos dados: 96,2%. Dos servidores lotados no Senado, 86,2% se recadastraram. Na Gráfica, 86,3% preencheram os formulários.
O número
51 - Número de dias em que houve campanha intensa para que os servidores preenchessem os formulários