postado em 22/10/2009 15:31
O estudante Carlos Marcus da Silva, 14 anos, vai à escola todos os dias em um caminhão pau de arara. Morador da zona rural de Iracema (CE), quando o transporte não vem ele, enfrenta de bicicleta um percurso de 8 quilômetros para chegar à Escola Estadual Deputado Joaquim Figueiredo de Oliveira, onde cursa o 9º ano. Mas hoje Carlos teve um dia diferente: veio à Brasília e foi um deputado por um dia. Ele foi um dos 420 estudantes que participaram da edição 2009 do Câmara Mirim.
Para participar do programa, promovido pelo site infantil da Câmara, o Plenarinho, as crianças e adolescentes precisam enviar um projeto de lei fictício. Os três melhores são escolhidos e vão à votação em plenário. O projeto de Carlos determina que todos os conselheiros tutelares tenham ensino superior. "Essas mudanças são necessárias para melhorar a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes", defendeu.
De acordo com o coordenador da escola de Carlos, Antônio Marcos Lima, o tema surgiu porque o conselho tutelar é muito presente no dia da dia de alunos e professores. "Nós temos muitas famílias desestruturadas, por isso recorremos sempre ao conselho. Quando uma criança começa a faltar muito chamamos os conselheiros para intervir", explicou.
Segundo Lima, a escola que atende crianças carentes é muito envolvida em projetos como o Câmara Mirim. "A gente se inscreve em tudo. Acho que o bom resultado é fruto do nosso trabalho. Os gestores e professores trabalham muito de perto com os alunos", disse.
Além do projeto sobre a melhoria dos conselhos tutelares, mais duas matérias foram votadas e aprovadas. O projeto de lei de João Pedro Mello, de 13 anos, aluno do Colégio Marista João Paulo II, de Brasília (DF), proíbe o fumo perto de crianças. Já Richard Oliveira, de 14 anos, aluno da Escola Elizabeth de Paula Honorato, de São José dos Campos (SP), apresentou um projeto para que todos os prédios públicos reaproveitem a água da chuva.
Carlos disse que quando crescer quer ser deputado para poder melhorar a vida das pessoas. Filho de agricultores que praticamente não sabem ler nem escrever, ele quer que todas as tenham aquela oportunidade de serem alfabetizadas.