Politica

Dilma Rousseff: "Eu sou governo"

Em São Paulo, ministra reage a declarações de líder do MST de que os sem-terra não se sentem representados pelos pré-candidatos à Presidência

postado em 26/10/2009 08:38
São Paulo ; A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesse domingo (25/10) em São Paulo que não se identifica ;especificamente; com nenhum movimento social, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No sábado, o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, tinha dito que os sem-terra não se sentem representados por nenhum pré-candidato à Presidência da República, inclusive com a petista. ;Governo é governo, movimento social é movimento social. Eu sou do governo e respeito todos os movimentos sociais. Mas não me identifico com nenhum porque não integro nenhum deles;, ressaltou logo após participar de um encontro do PT com movimentos sociais que debateram propostas para o projeto 2010.

Dilma com o presidente do PT, Ricardo Berzioni, durante encontro com movimentos sociais em São Paulo: críticas ao preconceito contra a mulherQuando foi questionada se havia alguma identificação específica com o MST, Dilma perdeu o bom humor com o qual começara a entrevista coletiva. ;Eu sou o governo. Só me identifico especificamente com o governo. Não sou trabalhadora da terra nem tenho pretensão para ser, como também não sou membro de nenhum sindicato, nem bancário, nem de metalúrgico. Assim como não sou população indígena. (...) Você tem que respeitar e reconhecer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa;, ressaltou. Nesse momento, uma claque de correligionários começou a bater palma para a ministra.

A relação do MST com o governo federal já estava tensa por causa das críticas que os líderes do movimento vêm fazendo à reforma agrária do governo petista e ficou ainda pior depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a ação do movimento na fazenda Santo Henrique, interior de São Paulo, de ;vandalismo;. Ontem, Dilma tentou apaziguar a questão. ;O governo não é a favor de ato ilegal. Mas também somos contra que as ações dos movimentos sociais sejam tratadas como caso de polícia;, ressaltou.

Ao rebater as críticas do MST, Dilma recorreu às estatísticas do próprio governo. Disse que de 2003 até 2008, o governo federal desapropriou 43 milhões de hectares, o que coloca o Brasil na vanguarda do processo de democratização da terra. Ela comparou a reforma agrária do Brasil com a de países menores. ;Estamos acima da Bolívia, que desapropriou 18 milhões de hectares em dois anos. E da Nicarágua que desapropriou 2,8 milhões de hectares em sete anos.

Para a ministra-candidata, a grande diferença entre o Brasil e esses outros países, a desapropriação de terras vem acompanhada de uma política com base na agricultura familiar. ;Oitenta e sete por cento da produção brasileira de mandioca vem da agricultura familiar;, ressalta. E cita ainda o programa Luz para Todos como um grande avanço. ;Sem energia, o produtor que tem uma vaquinha não pode aquecer o leite;, diz.

Reticente quando fala especificamente da sua candidatura, Dilma evitou tratar de campanha eleitoral e dos preparativos para 2010. Foi genérica até quando comentou a aliança do PT com o PMDB. ;Quanto mais os partidos forem capazes de fazer acordos e esses acordos forem programados, melhor para o país;, disse. Sobre a informação de que ela ficaria até abril de 2010 no cargo para participar das inaugurações do governo federal e ganhar mídia e popularidade ao lado de Lula, Dilma se disse surpresa. Mas quando foi questionada quando deixará o governo por conta de sua candidatura, respondeu: ;Não está na hora de discutir isso;.

Dilma rebateu as acusações de que estaria antecipando a campanha. A petista, que iniciou maratona de viagens ao lado do presidente Lula, comparou-se a uma dona de casa: ;É preconceito contra a mulher. Eu posso ir para a cozinha, conzinhar os projetos. Agora, na hora de servir, não posso nem ver?; O encontro que Dilma participou reuniu 49 movimentos sociais que fazem todo tipo de reivindicação ao governo e foi fechado para a imprensa. O objetivo foi trocar ideias político-partidárias.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação