postado em 08/11/2009 18:14
Caciques do DEM resistem em aceitar a indicação de vice na chapa do PSDB à Presidência da República por entender que os tucanos estão colocando em risco a vitória na eleição do ano que vem. O prejuízo, na visão dos democratas, é a indecisão sobre a escolha de quem será o candidato tucano. Os nomes do DEM cotados para o posto entendem que deixar a escolha para meados do ano que vem, como quer o governador de São Paulo, o tucano José Serra, criará uma expectativa negativa sobre o potencial da candidatura de oposição contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A melhor saída para acalmar o DEM é antecipar a escolha para dezembro, como defende o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).
O senador José Agripino (RN), o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, todos do DEM, não querem trocar eleições mais tranquilas por um cenário indefinido. Muito menos ficar a reboque de José Serra. Eles acreditam que, se em março de 2010 Dilma tiver conseguido fechar uma ampla aliança político-partidária e aumentar seus percentuais nas pesquisas de intenção de votos, o governador de São Paulo poderá desistir do Palácio do Planalto e voltar-se à própria reeleição. Na avaliação deles, mesmo se Serra apoiar Aécio, mas só em meados do ano que vem, a imagem que passará é que ele desistiu também por achar que a oposição sairá derrotada. Antecipando a escolha entre Serra e Aécio para este ano ainda, diminui a hipótese de uma desistência futura, no entendimento dos democratas.
Agripino acredita que sua reeleição é praticamente certa e Arruda acha que permanecer à frente do governo do DF também é mais simples do que a vitória presidencial. O caso mais emblemático é de Cesar Maia, que terá uma corrida bastante árdua pelo Senado ; não é uma eleição garantida e, mesmo assim, prefere se colocar fora do páreo pelo vice. Ele disputará uma cadeira com o senador Marcelo Crivella e o deputado Fernando Gabeira (PV), que desistiu de se lançar ao governo fluminense.
A favor de Maia, conta o fato de ele cobrir um espaço que os tucanos não têm no Rio de Janeiro desde que a aliança com Gabeira ruiu com a entrada da senadora Marina Silva (PV-AC) na corrida pelo Palácio do Planalto. O PSDB apostava em apoiar o deputado para o governo, repetindo uma aliança feita na eleição pela prefeitura do Rio de Janeiro. A meta era ter um palanque forte para Serra ou Aécio no estado. Na última eleição presidencial, a votação expressiva de Lula entre os fluminenses compensou derrotas que ele sofreu para o tucano Geraldo Alckmin nos três estados do Sul.
Favoritismo
Apesar da reticência, Agripino tem sido apontado como o favorito para ser o vice. Conta a seu favor o fato de ele ser uma ponte entre a ala jovem do partido, representada pelo presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os caciques da antiga Frente Liberal, com o ex-senador Jorge Bornhausen à frente.
Se Agripino é o mais cotado hoje, na última eleição presidencial, ele foi preterido por ser considerado incapaz de agregar votos à candidatura de Alckmin em 2006. O escolhido, à época, acabou sendo José Jorge, sob o argumento de que ele vinha de um estado forte, Pernambuco. Com essas resistências do senador potiguar e do ex-prefeito, ganham força nomes considerados azarões no páreo. O líder da bancada do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), já anunciou à cúpula ter disposição de disputar o cargo de vice. Mas ele mesmo lembrou que a decisão levará em conta quem terá capacidade de agregar valor à candidatura tucana.
Rodrigo Maia declarou recentemente entender que Aécio é um candidato mais competitivo que Serra. Mas ecoa o entendimento majoritário no DEM de que o candidato acabará sendo o governador paulista. Sobre a indecisão dos tucanos, o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) afirmou o seguinte, citando a chefe da Casa Civil e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE): ;A Dilma diz que não é candidata, o Ciro diz que é candidato. Ninguém acredita em nenhum dos dois. Não precisamos sair falando que já temos o candidato;.