Politica

Oposição aproveita apagão para minar a pré-candidatura de Dilma

Ricardo Brito
postado em 12/11/2009 08:13
Brasília e São Paulo ; Uma hora depois de iniciado o apagão, às 22h da terça-feira, líderes da oposição no Congresso já articulavam pelo telefone uma estratégia para fustigar a presidenciável do governo Lula e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os oposicionistas pretendem levar Dilma ao parlamento para que ela explique os motivos do acidente energético que atingiu 18 estados. Eventual adversário da ministra em 2010, o governador de São Paulo, José Serra, disse que faltam investimentos federais.

[FOTO1]No Congresso, a ação dos oposicionistas ocorreu em duas frentes. Na Câmara, DEM, PPS e PSDB querem ouvir Dilma, o atual ministro Edison Lobão e o ex-ministro da pasta Silas Rondeau em alguma comissão permanente. Mas sabem que, por serem minoria na Casa, terão de esperar o momento oportuno para aprovar a convocação. Por enquanto, o líder do Democratas Ronaldo Caiado (GO), apresentou requerimento de informações para que Lobão esclareça as razões do apagão.

Para blindar Dilma, os aliados apoiaram o requerimento do tucano Vanderlei Macris (SP) para convocar Lobão à Comissão de Fiscalização e Controle. Sem data marcada, trocaram apenas o pedido por convite, o que o desobriga de comparecer. No Senado, a tentativa é levar Dilma e Lobão, também por convite, à Comissão de Infraestrutura. A oposição avalia que Dilma montou um modelo inoperante quando era titular de Minas e Energia, de 2003 a junho de 2005. A política privilegiaria o pagamento para grandes fornecedores de baixas tarifas de energia elétrica, o que teria inibido a participação de investidores. ;Estamos feito uma bomba de efeito retardado;, critica o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN). ;É a ministra do apagão;, reforça José Carlos Aleluia, vice-líder do DEM na Câmara.

Indícios
Para José Serra, a origem do apagão está na ausência de investimentos federais. À tarde, o tucano criticou a falta de sintonia nas explicações do Executivo. ;É preciso que o governo federal invista mais em manutenção para evitar problemas como esse;, disse. Segundo Serra, o governo de São Paulo enviou ano passado ofício ao ministério apontando quais eram os investimentos importantes. Uma das reivindicações é um centro operacional no estado, que consome 20% de toda a energia produzida no país. ;São Paulo, que consome metade da energia do Sudeste, que por sua vez consome 60% da energia do país, não tem um centro operacional. Há um no Rio de Janeiro, mas precisamos de outro aqui.;

[SAIBAMAIS]A secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Seli Pena, disse que já havia indícios de que um apagão dessas proporções poderia ocorrer. ;No ano passado, tivemos um incidente grave que deixou parte da população de São Paulo sem energia por 72 horas. Um grupo de trabalho formado pelo governo estadual e por agentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico concluiu que deveriam ser feitas 14 obras urgentes para evitar um apagão;, disse. O relatório teria sido enviado ao governo federal.

CPI pode ser prorrogada
Prevista para encerrar os trabalhos em 30 de novembro, a CPI das Tarifas de Energia Elétrica pode ser prorrogada para investigar as causas do apagão energético. O presidente da comissão, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), disse ontem que avalia a possibilidade de postergar o fim dos trabalhos. ;Estou tendo muita cautela nessa questão para não tomar decisão precipitada. Vamos ouvir o que os técnicos do ministério têm para nos dizer e depois fecharemos a questão;, afirmou.

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