Politica

PSDB constrói discurso conciliador com sindicatos para evitar problemas nas eleições

postado em 14/11/2009 08:15
A vinculação de sindicatos e movimentos sociais ao governo do presidente Lula é desde já uma preocupação dos futuros adversários eleitorais, em especial o PSDB. Em dois jantares em Brasília na última quarta-feira, por exemplo, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, forte pré-candidato ao Planalto, lembrou que, do ponto de vista político, houve uma ;distensão; no governo Lula, ;na medida em que os movimentos sociais e sindicais praticamente se incorporaram ao governo ou foram por ele cooptados;. Falou ainda que diversos financiamentos concedidos pelo governo a muitas entidades e ONGs aprofundaram essa dependência. E fez um alerta: ;A reação de todo esse conjunto corporativo a uma enventual derrota eleitoral do candidato ou da candidata do governo pode produzir como efeito um estressamento das relações com um novo governo de oposição;, afirmou Aécio.

Ao lado de outros políticos, como o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), que já declarou apoio à candidatura do mineiro, Aécio falou da necessidade de se aproximar dessas entidades e de manter alguns programas. ;Se hoje o PSDB entende que suas linhas básicas de gestão econômica e social foram mantidas, mesmo sentindo que se poderia ir bem mais longe, da mesma forma a linha plástica que distendeu as relações políticas no atual governo deverá ser aprimorada, mas nunca descontinuada;, pregou Aécio. ;Não há por que os sindicatos(1) e suas centrais imaginarem que serão percebidos como partidários e assim excluídos. Não temos o direito de correr esse risco;, afirmou.

O governador mineiro propôs que seu partido comece a promover encontros com entidades para esclarecer que o ;papel representativo que lhes corresponde ; e os espaços de articulação com o poder ; não só serão mantidos como aprofundados de forma institucional, republicana e, agora, transparente;. A intenção dele nessa seara tem o mesmo objetivo geral, reiterado em todas as oportunidades: o conceito pós-Lula, de agregar valores e não excluir ninguém.

Exagero
A declaração de Aécio foi lida por alguns sindicalistas, como o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, como correta, no sentido de que hoje, diz ele, o PSDB não tem uma boa relação com os sindicatos. Mas exagerada no que se refere ao temor de uma reação hostil a um futuro presidente de oposição ao PT. ;Aécio tem uma relação diferente com as centrais em Minas, é uma relação boa. Mas a cúpula do PSDB nunca se preocupou com isso;, avaliou o pedetista.

No primeiro jantar, o recado foi levado a toda a cúpula do PSDB, que estava presente ao encontro na casa do deputado Eduardo Gomes (TO) para comemorar a filiação da deputada Rita Camata (ES), oficalizada no fim de setembro. No segundo, o recado foi dado à bancada mineira ; não só do PSDB, como do DEM, PMDB, PTB, PR, PP, PSB, PSC, e até mesmo do PT ; presente à homenagem que o deputado Raphael Guerra (PSDB-MG) ofereceu ao vice-governador de Minas, Antonio Anastasia. Além dos mineiros, compareceram o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), os deputados Nelson Marquezelli (PTB-SP), João Carlos Bacelar (PR-BA) e, ainda, o primeiro vice-presidente da Câmara, Marcos Maia (PT-RS), que brincou: ;Vim aqui como espião e vou torcer para que Aécio não seja o candidato;.

1- Braço político
O PT, em sua fundação, era visto como o braço político do movimento sindical. Ao longo de sua história, o partido jamais deixou que fossem rompidos os laços com diversas entidades, em especial, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Acostumadas a atordoar a vida dos governantes com manifestações e greves, elas nunca abandonaram Lula. No momento mais delicado do governo do petista, durante o escândalo do mensalão, as entidades fizeram uma passeata em favor do presidente da República.

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