postado em 18/11/2009 21:17
O ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga disse nesta quarta-feira (18/11), ao depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, na Câmara dos Deputados que ;a dívida pública brasileira não é pequena e custa caro aos cofres do país;, embora seja administrável.Segundo ele, isso contraria, de certa forma, os que apregoam que a economia vai muito bem. A solução para o problema, para Fraga, passa pela redução do gasto público e da carga tributária.
Ele disse que o custo alto da dívida impede que o país invista em necessidades básicas como educação, saúde e segurança. Fraga citou que, com menos investimento, a economia nacional cresce pouco em relação à dos demais países emergentes. Além disso, a carência de crédito no mercado pressiona os juros para cima, enquanto a forte entrada de dólares pressiona a taxa de câmbio para baixo e forma um cenário que ;dificulta a vida da indústria e da agricultura;.
[SAIBAMAIS]Fraga afirmou que a dívida bruta do governo federal equivale, hoje, a mais de R$ 1,8 trilhão, o que representa 67% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, estimadas em R$ 2,950 trilhões no relatório de Política Fiscal de setembro, elaborado pelo Departamento Econômico do BC. Essa dívida acarreta despesa anual com juros de 5,6% do PIB, que somam o montante de R$ 165 bilhões, de acordo com o ex-presidente.
O vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon) do Rio de Janeiro, o economista Paulo Sérgio Souto, também depôs na CPI da Dívida Pública e ressaltou que a administração da dívida pública ;é altamente explosiva, causa instabilidade social e provoca graves deformações na vida administrativa do país;.
Souto citou como exemplo a questão da educação, que é defendida por todos como prioritária, mas esse privilégio não se reflete no Orçamento, que, no ano passado, destinou 2,57% dos gastos públicos para a educação. Ele destacou que a área de saúde ficou com 4,81% do total.
Segundo o presidente do Corecon-RJ, o país gastou R$ 268 bilhões, neste ano, contabilizados até o mês de outubro, com juros e amortização da dívida, o que corresponde a 13 vezes mais que os gastos com educação no mesmo período. Também foram gastos R$ 120 bilhões com pessoal ativo e inativo, mais R$ 161 bilhões com benefícios previdenciários. Ele disse que, ;com isso, a dívida interna cresce sem parar;, tendo aumentado R$ 250 bilhões de janeiro a setembro, segundo suas contas.