postado em 24/11/2009 08:24
Com uma participação expressiva de petistas, a eleição interna do partido deverá eleger, em primeiro turno, o ex-senador José Eduardo Dutra como futuro presidente e deixar para uma segunda rodada de votações a escolha em estados cruciais para a aliança com o PMDB. Segundo o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a apuração está acirrada no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Maranhão e no Amazonas. Nos três primeiros diretórios estaduais, a disputa ocorre entre grupos alinhados com a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos interessados em lançar candidaturas contra os peemedebistas nos estados. No Amazonas, a disputa está entre o senador João Pedro, o deputado Francisco Praciano e o atual dirigente Sinésio Campos para ver quem chega ao segundo turno.
O futuro presidente petista assume o cargo com uma tarefa já determinada: enquadrar os dissidentes locais. ;Em vários estados, tem gente que acha que o presidente Lula está falando no deserto, faz política baseada nos interesses próprios e pode comprometer a aliança nacional;, criticou o deputado José Guimarães (PT-CE), da chapa majoritária ao Diretório Nacional.
Ao admitir que muitos estados terão dois ou mais palanques para a ministra Dilma, Lula criticou os grupos de petistas que só olham para o próprio umbigo para forçar o lançamento de candidatura própria contra o PMDB. É o caso de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Maranhão. O favorito para vencer o diretório mineiro é o deputado Reginaldo Lopes, aliado do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que almeja se lançar ao governo do estado. O outro concorrente é Gleber Naime, secretário nacional de Comunicação do PT, considerado soldado de Lula e do ministro Patrus Ananias.
O prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, trabalhou para levar ao segundo turno a eleição interna no Rio de Janeiro. Ele precisa eleger o presidente local para viabilizar sua candidatura ao governo fluminense contra Sérgio Cabral. A nova rodada de votação deve ocorrer entre Luiz Sérgio, apoiado pela cúpula nacional, e Lourival Casulo ou Bismarck Alcântara, que representam os interesses de Lindberg.
No Distrito Federal, a situação já está definida. Com 75% dos votos, Roberto Policarpo foi eleito presidente do diretório regional.
Esforço
Ricardo Berzoini disse que a orientação continua sendo priorizar a candidatura da chefe da Casa Civil. E o esforço da atual e da nova cúpulas será de enquadrar os dissidentes e honrar a aliança com o PMDB. ;A candidatura própria é mais lógica em estados onde o PT faz oposição. Onde é governo precisaria sair do governo, e não parece que seja essa a decisão do partido;, disse Berzoini, referindo-se ao Rio de Janeiro. No Maranhão, a cúpula do PT tenta tirar de cena a esquerda petista contrária à aliança com o clã Sarney.
Berzoini, no entanto, pregou que a solução em estados complicados ocorrerá sem solavancos. ;Vamos tratar tudo no devido tempo, com calma. A negociação é como grelhar uma carne para ela não deixar de ser apetitosa;, afirmou o dirigente petista.
A expectativa é que o PT finalize a contagem dos votos amanhã. José Eduardo Dutra somava 54,7% da preferência; o deputado José Eduardo Cardozo (SP) estava em segundo, com 19,5%; o colega Geraldo Magela (DF) tinha 12,3%; Iriny Lopes (ES), 11,9%; Markus Sokol e Serge Goular não chegavam a 1%. Pela tendência dos votos, o comparecimento deverá ficar entre 450 mil e 470 mil filiados.