postado em 30/11/2009 08:51
São Bernardo do Campo ; O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não resistiu. Chorou em várias cenas durante a apresentação do filme Lula, filho do Brasil, na noite de sábado, em São Bernardo do Campo(1). Ele assistiu ao longa na primeira fila, ao lado da mulher, Marisa Letícia, e de sua candidata ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. Em vários momentos, o presidente era flagrado olhando para o teto, chorando emocionado.[SAIBAMAIS]Dilma e Lula garantem que assistiram pela primeira vez, apesar de o diretor Fábio Barreto ter enviado com antecedência para o presidente, atores e políticos do PT cópias de DVD com o filme contendo marca d;água com o nome de cada um, inclusive do presidente, para evitar pirataria.
Mesmo com Lula o tempo todo ao lado de sua candidata à Presidência e com as primeiras fileiras ocupadas pelo staff do PT, o diretor e os atores faziam esforço para não associar a superprodução às eleições de 2010. ;Não é um filme político. É uma história forte, maravilhosa. A história do presidente é a história de milhões de brasileiros;, disse Fábio Barreto.
O produtor, Luis Carlos Barreto, reagiu irritado quando questionado sobre a politização do filme: ;A oposição está irritada à toa. Esse filme era para ter sido feito um ano atrás. Além disso, até onde sei, Lula não é candidato a nada;. O ator que faz o presidente no filme, Rui Ricardo Dias, foi mais taxativo: ;Lula não precisa do filme pra nada;. Já a atriz Glória Pires foi elegante: ;Não vou discutir a opinião que as pessoas têm sobre o filme porque cada um tem o direito de ter a que quiser;.
Lenço
Para conter as lágrimas, Lula levou um lenço branco. Segundo pessoas que assistiram ao filme próximas a ele, o presidente chorou mais nas cenas em que eram acentuadas as dificuldades que sua família enfrentou quando chegou a São Paulo, como a sequência em que sua mãe, Dona Lindu, interpretada por Glória Pires, catava os grãos de feijão que caíam enquanto a mercadoria era carregada em caminhões. A sequência final, mostrando a morte da mãe, também o fez chorar. ;Nunca vi o presidente tão emocionado;, disse Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo.
1 - Histórico militante
Por abrigar as fábricas das maiores montadoras do país, a cidade localizada na Região do ABC Paulista tornou-se berço da militância política de sindicalistas. Lula iniciou sua carreira política ao assumir a presidência de Previdência Social do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em 1975.
"Não é um filme político. É uma história forte, maravilhosa, igual à de milhões de brasileiros"
Fábio Barreto, diretor do filme
Som baixo e ruídos
Por pouco, a pré-estreia de Lula, filho do Brasil não se tornou um fiasco no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. Na primeira meia hora de exibição, o áudio estava baixo e distorcido ao ponto de não se entender o que os atores falavam. Havia no local cerca de 2 mil pessoas. As que sentavam nas últimas fileiras eram as mais prejudicadas. Quando a administração ligava os refrigeradores de ar, o ruído emitido pelos aparelhos deixava a fala dos atores incompreensível. ;Não estou entendendo nada;, queixou-se o sindicalista Roberto Bazzanella, 34 anos, funcionário da linha de produção da Volkswagen, uma das patrocinadoras do filme. ;Não sei o que houve. Testamos tudo antes e o som estava perfeito;, ressaltou Elias Villatore, técnico de áudio.
[SAIBAMAIS]O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse ter gostado do filme, mas criticou os problemas com o som e a forma como Lula assumiu o sindicato, brigando com amigos. ;Não houve aqueles diálogos em que Lula diz que é sangue novo e que faria(2) mudanças;, relata. Antes da sessão, Nobre arrancou risos e aplausos ao discursar. ;O presidente é orgulho da nossa região. Já trouxe para o Brasil a Olimpíada e a Copa do Mundo. Quem sabe não traz o Oscar;, brincou.
A sessão teve segurança reforçada pare evitar pirataria. Vários painéis traziam um aviso: ;Atenção: É proibido qualquer registro audiovisual do filme;. A estreia comercial está prevista para janeiro de 2010. Os produtores trabalham para que ele supere o recorde nacional de bilheteria, Dona Flor e seus dois maridos, que teve 12 milhões e espectadores.
Na plateia ilustre estavam empresários, sindicalistas, artistas, políticos locais, os senadores Eduardo Suplicy, Aloísio Mercadante e os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Paulo Bernardo (Planejamento), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Paulo Vanucchi (Direitos Humanos), além do ex-ministro José Dirceu, que fez a primeira aparição pública ao lado de Lula depois que perdeu o cargo por conta do escândalo do mensalão. Convidados, os presidenciáveis tucanos José Serra e Aécio Neves não compareceram. No fim, houve aplausos calorosos. (UC)
2 - Personagem de livro
Outra obra retratando a vida do presidente foi lançada neste fim de semana. Trata-se de O Menino Lula, de Audálio Dantas. Autor de livros sobre a infância de Maurício de Sousa, Ziraldo e Ruth Rocha, o jornalista viu em Lula um personagem ideal. ;A trajetória de Lula transcende o problema do migrante, da luta pela sobrevivência, porque, além dessas dificuldades, ele viveu um drama familiar pesadíssimo. O pai era um déspota, de crueldade fantástica;, disse.