postado em 01/12/2009 08:08
A bancada do PMDB quer garantir a todo custo que continuará no comando do Ministério da Agricultura em 2010. As negociações para emplacar outro político no lugar do ministro peemedebista Reinhold Stephanes, que se lançará deputado federal pelo Paraná e terá de deixar o cargo, já começaram e são tidas como uma das estratégias da legenda para manter visibilidade em ano pré-eleitoral. Pelos corredores do Congresso, o nome mais cotado para substituir Stephanes é o do atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi. Ex-deputado pelo PMDB paulista, o candidato é amigo pessoal do presidente licenciado do partido e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP).Foi pelas mãos de Temer que ele assumiu o cargo da entidade, em 2007. ;A ideia é ocupar o espaço para não perder posição dentro do governo;, adianta o líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O deputado tem pressa para consolidar as articulações. Teme que se a legenda demorar a indicar um substituto, correrá o risco de perder a vaga para um técnico da pasta, como geralmente acontece em anos eleitorais.
O Rossi (Wagner) é um nome forte dentro do partido para ocupar o cargo. Não podemos deixar a vaga para um técnico que não tem ligação com a legenda, afirma o parlamentar ao lembrar que, geralmente, é o secretário-executivo sem ligações políticas quem assume o posto em casos semelhantes.
Nos bastidores, a ala ruralista da legenda já defende uma reação pouco amigável caso a investida não dê certo e o governo não mantenha a legenda no comando da pasta. Há quem diga que a falta de acordo com o governo para indicação do substituto do atual ministro da Agricultura poderá refletir diretamente no apoio à candidata petista, Dilma Rousseff, para a presidência em 2010. Mas, Henrique Eduardo Alves minimiza as ameaças e diz acreditar que o embate não será necessário. ;Por enquanto vamos apenas discutir sobre isso. O caso agora é saber como agir e cuidar da sucessão do Stephanes, diz.
Não é só o setor da agropecuária que interessa ao partido. Além do Ministério da Agricultura, outras três pastas sob o comando do PMDB ; Comunicações, Integração Nacional e Minas e Energia ; também devem ficar sem seus titulares a partir de março do ano que vem, quando começa, de fato, a corrida para os palanques eleitorais de 2010.
Ao todo, o partido tem o comando de sete ministérios no governo Luiz Inácio Lula da Silva e não tem planos de deixar o poder de qualquer uma dessas pastas. ;Em termos gerais, a ideia é pleitear todas essas vagas para manter a estratégia da visibilidade da nossa legenda, afirma o líder do PMDB na Câmara, dando o tom da disposição do partido para brigar pelo poder nos ministérios em ano eleitoral.
Na disputa
Conhecido por apresentar duras divergências aos colegas ministeriais das pastas de Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, vai se lançar candidato em meio a um desgaste dentro do próprio partido. Logo ao assumir a pasta, em 2007, em substituição ao engenheiro agrônomo Luís Carlos Guedes Pinto, o ministro sofreu resistência da bancada ruralista que já tinha seus favoritos e tentava emplacar os peemedebistas Valdir Colatto (SC) e Waldemir Moka (MS).
Sem aliados no governo, ele vem tentando se agarrar nos discursos mais polêmicos do segmento, como o código florestal e os índices de produtividade da terra, junto a bancada ruralista para não perder força política. A essa altura, contribuir com o governo para aprovação de temas como esses custaria muito caro para a sua candidatura.
"A ideia é ocupar o espaço para não perder posição dentro do governo"
Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara
O número
7 - são os ministérios sob o comando do PMDB
PARA SABER MAIS
Críticas ao governo
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deixará o cargo depois de ter feito duras críticas ao próprio governo durante diferentes ocasiões. Além de desentendimentos com o colega que comanda a pasta do Meio Ambiente Carlos Minc, Stephanes afirmou diversas vezes que a falta de políticas compartilhadas com outras pastas e a falta de ações governistas prejudicavam a produção agrícola brasileira. O atual ministro sempre deixou claro que há problemas de infraestrutura e falta de um marco regulatório para a exploração de jazidas de minério. Além disso, costuma dizer que o Brasil não tem demonstrado capacidade de defender os produtores, em especial os que produzem trigo. Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados em setembro, o ministro disparou: ;O Brasil tem se demonstrado incapaz de proteger sua produção e seus produtores. O trigo possui problemas que não tangem apenas à questão da produtividade, mas também relacionadas a outras imperfeições, como preço e mercado. E imperfeições do mercado, que, muitas vezes, são geradas pelo próprio governo;, disse.