Rio de Janeiro - Mudanças na aparência física são consideradas por pessoas que têm HIV como um dos principais problemas decorrentes da doença, . A síndrome da lipodistrofia é responsável por parcela significativa dessas mudanças. Provoca alterações na distribuição de gordura no corpo e está relacionada ao uso dos antiretrovirais.
A psicóloga Regina Lúcia, 58 anos, convive com HIV há 12 anos e apresenta sinais do problema. ;Meu abdômen está bastante expandido. Tem a perna que afina, o bumbum diminui, mas nada incomoda tanto como abdômen;. Segundo conta, as alterações no corpo, além de provocar dores, deixam marcas emocionais tão incômodas quanto.
;É uma coisa triste. Tenho, nas costas, uma giba, que atrapalha muito para dormir, dirigir. Mas o pior é que mexe diretamente com a nossa autoestima. Você não fica bem. No momento em que eu me sinto gorda e inchada, não aceito;, completou.
As sequelas da lipodistrofia são tão graves que várias pessoas deixam de sair de casa com vergonha do próprio corpo ou chegam a pensar em desistir ou do tratamento. O problema assusta mais quem nasceu com a doença ou foi infectado no início da juventude e precisará fazer o tratamento por toda a vida
;Se a pessoa tem perda de gordura na face, tem medo de ser identificada, relacionadas à doença. É um medo do preconceito também;, acrescenta a assessora técnica do departamento de Aids do ministério, Kátia Abreu.
Segundo a médica, a lipodistrofia não tem cura e aparece tanto em mulheres quanto em homens. O Ministério da Saúde estima que cerca de 49% das pessoas que tomam antiretrovirais podem apresentar as alterações de gordura. No entanto, os remédios não são os únicos fatores de risco do problema, que está aliado aos hábitos de vida do pacientes
;Os remédios não são os vilões;, destacou Abreu. ;É uma combinação de efeitos dos remédios, do próprio HIV ; temos pessoas com mais de duas décadas com HIV ;, além dos fatores do envelhecimento, genética, sedentarismo, tabagismo e a dieta alimentar."
Para amenizar o sofrimento dos pacientes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cirurgias plásticas reparadoras aos paciente encaminhados pelos próprios médicos da rede. Desde quando o procedimento foi autorizado, em 2006, foram realizadas cerca de 9 mil cirurgias do tipo - a maioria de preenchimento facial.