O prefeito de Água Doce do Maranhão, José Eliomar (PMDB) está foragido do município há dois dias, depois que uma ação conjunta entre Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU) chegou à sede municipal coletando documentos, entre contratos, convênios e folhas de pagamento da prefeitura e secretaria de educação municipal.
No momento das apurações dos documentos o atual secretário de educação, o engenheiro Vidal Negreiros, foi detido, mas liberado ao final da coleta das contas municipais.
O irmão do prefeito, conhecido como Evilásio, também foi preso durante a operação. Ele funcionava como assistente de José Eliomar, e foi flagrado em caminhada ao povoado Magú, em busca de funcionários da prefeitura para assinarem folha de pagamento acusando recebimento de salário. A intenção seria tentar regularizar assinaturas que estariam falsificadas.
Os auditores trouxeram para análise e posterior parecer uma documentação farta de quatro anos da gestão do prefeito peemedebista. Prestação de contas dos anos de 2005 a 2008 deverão ser avaliadas pelos órgãos fiscalizadores.
Testemunhas da operação contam que os agentes chegaram nas primeiras horas da manhã de ontem à sede do município, mas não conseguiram localizar o prefeito; os moradores informaram que a última vez em que ele foi visto estava próximo a saída da cidade, dirigindo uma caminhonete na companhia de alguns seguranças.
O prefeito Eliomar Dias já foi cassado em primeira instância pelo juiz da comarca de Araioses, Marcio Fontinele, em sentença proferida no último mês de outubro e permanecia à frente da prefeitura sob força de liminar.
O recurso eleitoral interposto pela assessoria jurídica do prefeito, para reformar a sentença de primeiro grau, deverá ser julgado nesta quinta pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
O prefeito não foi localizado pela reportagem nos contatos particulares de casa e da prefeitura.
Denúncias
A primeira denúncia apurada por uma auditoria da CGU em 2006 diagnosticou irregularidades nas folhas de pagamento emitidas pela prefeitura, na ocasião ficou constatada falsificação de assinaturas de professores como se tivessem recebido abono salarial vindos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) no município.
A reportagem do jornal O Imparcial, dos Diários Associados, chegou a noticiar as denúncias formuladas pelo sindicato dos professores atestando falsificação de assinaturas de pelo menos 59 educadores que nunca chegaram a receber os valores discriminados no documento falso.
A fraude no Fundef chega ao patamar de R$ 2 milhões e teria sido estruturada em um sistema de rede, onde os documentos falsificados seriam fabricados no município de Magalhães de Almeida.
A prefeitura do município, durante pelo menos um dos três anos de irregularidades nos pagamentos dos professores, teria dado suporte logístico ao processo que forjava assinaturas dos educadores. O atual prefeito da cidade, João Cândido Carvalho Neto (PMDB), primo do gestor de Água Doce do Maranhão, desconhece que o município tenha auxiliado de qualquer modo na falsificação.
;Ainda não era prefeito, mas desconheço que alguma investigação diga isso, também não lembro de nenhuma denúncia de desvio de verba em Água Doce;, disse o prefeito na ocasião.