postado em 06/12/2009 10:01
O PT não quer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no meio de confusões. Para este fim de ano, o partido preparou uma agenda que passa longe de estados onde a relação com o PMDB beira uma luta fratricida. Pará, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro não devem recebê-la antes de haver uma pacificação entre os partidos.A estratégia nasceu em resposta a uma proposta feita pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), que, depois de ser o principal vitorioso na luta pelo controle do diretório estadual, sugeriu uma visita política da ministra aos petistas sul-matogrossenses no próximo fim de semana. Pedido negado: o partido desenhou visitas somente a estados tranquilos: Goiás, Tocantins e Mato Grosso. ;Se ela for para os estados onde ainda não tem acordo, vai acabar fazendo mediação e isso não é interessante;, diz um petista. A agenda pública contrasta com a interna. A ministra tem se metido na solução dos conflitos, atendendo a um pedido dos peemedebistas.
A postura dúbia está em sintonia com os interesses do presidente do PT, Ricardo Berzoini, e da nova cúpula eleita, comandada pelo ex-senador José Eduardo Dutra. Ambos não gostam de falar abertamente dos problemas com os peemedebistas. ;Não ajuda a resolver os impasses;, afirma Berzoini. Colocar a ministra nos estados em conflito daria visibilidade aos problemas e ela teria de se dividir em agendas com petistas e peemedebistas. Algo que, se depender do partido, só vai acontecer quando a campanha de fato começar, lá para meados de junho do ano que vem.
Turbulências
A Bahia tornou-se exemplo clássico com as turbulências entre o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB). Antigos aliados, os dois beiram a inimizade. O petista deu declarações em que demonstra ter se arrependido da aliança. No Mato Grosso do Sul, o acordo é tido como improvável. ;Lá, precisamos encontrar um meio de conviver pacificamente;, diz o deputado Eduardo Cunha (RJ).
A ministra, no entanto, tem sido informada sobre o andamento das negociações estaduais. Dilma ouviu a proposta do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) para refazer o acordo no Pará. Pediu que a governadora Ana Júlia Carepa (PT) baixasse a guarda para atender os peemedebistas, que desejam a Secretária de Saúde, que tinham antes do rompimento da aliança.
E EU COM ISSO
É nas andanças pré-eleitorais que Dilma e outros pré-candidatos fazem as primeiras articulações de olho no ano seguinte. É tempo de promessas de participação no governo, de buscar nomes para possíveis ministérios, diretorias de estatais e cargos de segundo escalão. Evitar estados onde a disputa pega fogo é um traço da disposição petista: se em alguns estados a briga estiver aquecida a ponto de custar votos, Dilma pode se ver obrigada a optar por uma neutralidade distante dos problemas.
Lula, só de longe
O presidente Lula e a ministra Dilma evitam colocar o dedo no varejo das negociações. São consultados quando se chega num impasse ou é preciso intervenção. Lula afastou-se depois que os peemedebistas criticaram suas declarações por entenderem que foram favoráveis a petistas. O presidente admitiu que as divergências entre os partidos poderiam fazer com que Dilma tivesse dois palanques regionais na campanha. Na avaliação de deputados do PMDB, essa posição desandou negociações.
O comentário de Lula ocorreu depois de ter atuado para acabar com o impasse no Rio. Para tentar inviabilizar a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), ao governo, o presidente disse que quem quisesse se lançar deveria vencer a disputa no diretório estadual. O presidente não contava com o desempenho abaixo do esperado de seu soldado, o deputado Luiz Sérgio, favorável à aliança com o governador Sérgio Cabral (PMDB). Sérgio disputa o segundo turno amanhã com Lourival Casula. A vitória é incerta.