Politica

Apesar de distante das eleições, cenário político já está pegando fogo

postado em 08/12/2009 19:36
O governador Aécio Neves (PSDB) pode estar sendo otimista demais por acreditar na possibilidade de uma definição no ninho tucano da candidatura à Presidência da República, mas é certo que o PSDB não pode mais continuar adiando uma decisão. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, continua estacionada, pelo menos na pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, em que assumiu o segundo lugar oscilando de 15% para 17% das intenções de voto, dentro da margem de erro do levantamento. Mas está em franca campanha e cada vez menos preocupada em ser dissimulada. Aliás, nem tem jeito. O presidente Lula cuida disso para ela. Só que, em entrevista a uma rádio de São Paulo, ela foi direta demais: ;Continuar não é repetir;, disse, depois, claro, de encher de elogios e de enumerar uma série de realizações do governo Lula.

A indefinição do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) parece não ter feito bem à sua candidatura, se é que ela existe, à Presidência da República. Ele foi de 17% para 13% na mesma pesquisa CNI/Ibope. Alguns fatores podem ter contribuído para esta situação, a começar pelo fato de ele ter atendido aos apelos do presidente Lula e ter transferido o título eleitoral para São Paulo. No Nordeste, a decisão, pelo menos entre o eleitorado mais instruído, deve ter soado como uma negação das origens. Além disso, Ciro tem deixado a entender que, se o candidato for Aécio, pode apoiá-lo, já que seu alvo predileto é mesmo o governador paulista, José Serra.

O fato é que a eleição está muito longe, mas o cenário político está pegando fogo. Se o quadro vai continuar o mesmo, só o tempo dirá. Tudo pode acontecer até outubro do ano que vem. Inclusive o Brasil ganhar ; ou perder ; a Copa do Mundo. Será que teria alguma influência?

Em horas


O Supremo Tribunal Federal abriu o processo e vai julgar o esquema de caixa 2 da campanha do então candidato à reeleição a governador e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB), mas foram mesmo desproporcionais as sessões em que o caso foi tratado. Relator da matéria, o ministro Joaquim Barbosa acatou a denúncia com um voto de cerca de nove horas. O advogado de Azeredo, Gerardo Grossi, teve 15 minutos para a defesa. Quem quebrou um pouco foi o ministro José Antônio Dias Toffoli, que votou a favor do mineiro.

Sem vitrine

O Palácio do Planalto fez muita pressão, mas não conseguiu furar o bloqueio da poderosa bancada ruralista na Câmara dos Deputados. O governo queria a aprovação do projeto do novo Código Ambiental na Casa para ter mais uma vitrine para mostrar na COP-15 de Copenhague, que vai discutir o aquecimento global e a redução de emissões. Não levou. Os ruralistas e ambientalistas ainda não se entenderam por causa da reserva legal nas fazendas. Para tentar salvar a situação, já estuda até a possibilidade de editar uma medida provisória para acalmar os fazendeiros.

Só barulho

A tática da oposição de vincular o fim da obstrução, que vem impedindo a votação dos projetos do pré-sal, à apreciação da proposta de reajuste dos aposentados no mesmo índice do salário mínimo tem deixado a base governista paralisada. Resta saber o que vai acontecer esta semana na Câmara dos Deputados. O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), esperneia, mas faz muito barulho por nada, Ninguém quer pôr a cara contra os velhinhos que ganham aposentadoria e pensão acima do piso.

Carne de bode

Os tucanos prometem, quem diria, definir a candidatura ao Palácio do Planalto nos próximos dias. Só que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), está hospitalizado. Ele está bem, mas tem diabetes e passou por uma grande cirurgia em 2008. O que não afeta o seu bom humor. Para os colegas de partido que ligam para ele, Guerra diz que está fazendo uma dieta com carne de bode. E ainda jura que ela é mais digestiva do que carne de porco. Deve estar melhor mesmo.

Brecha no estatuto

O que parecia certo pode não acontecer. É grande a pressão para que o DEM adie a decisão sobre o pedido de expulsão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, marcado para quinta-feira. A tática dos advogados de Arruda é encontrar, no estatuto do partido, uma brecha para impedir que ela seja votada ainda este ano. Não dá para combinar é com o relator do caso, o ex-deputado José Thomaz Nonô. Ele promete, e deve cumprir, entregar o parecer na data prevista.

Baptista Chagas de Almeida é editor de Política do jornal Estado de Minas

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação