Patrícia Aranha
postado em 08/12/2009 19:41
O presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, comemorou a reeleição e defendeu a candidatura própria do partido ao governo de Minas no ano que vem. Ao lado do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel ; a quem apoia para ser o candidato ao Palácio da Liberdade ; e dos coordenadores da sua campanha no segundo turno, Reginaldo projetou que venceria por 54% a 46% dos votos válidos, o secretário Nacional de Comunicação do partido, Gleber Naime, que defende a pré-candidatura ao governo do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Uma hora depois, às 18h, o partido divulgou oficialmente a segunda parcial, em que Reginaldo aparecia na frente com 53,22% dos votos válidos (21.148 votos), contra 47,78% de Gleber (19.351). Para o PT, a vitória de Reginaldo era uma tendência. Gleber contestou os números, dizendo que na apuração paralela dele a diferença era menor. ;Ninguém pode dizer que já ganhou;, afirmou. Ele acusou Reginaldo de ;faltar com respeito aos filiados do partido que votaram na eleição ao se autoproclamar eleito sem aguardar o resultado da disputa;, acrescentando que estava sendo repetido o mesmo comportamento do primeiro turno, quando Reginaldo cantou vitória e acabou tendo que disputar o segundo turno com ele. O tom da declaração evidencia que o resultado da eleição ampliou o racha no partido entre os dois grupos, que começou no ano passado, quando Pimentel se aliou ao governador Aécio Neves (PSDB) para apoiar a candidatura vitoriosa de Márcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte, contra a orientação da direção nacional do partido.
Para Pimentel e Reginaldo, o resultado das urnas enfraquece a necessidade de realização de prévias para escolha do candidato ao governo, como defende o grupo de Patrus Ananias. Ao final do primeiro turno, Patrus chegou a cobrar coerência de Pimentel, afirmando que ele teria saído derrotado. ;Numa disputa acirrada, é natural que as pessoas fiquem mais ásperas. Vamos voltar a conversar. Só acho que é preciso respeitar o resultado das urnas. As urnas falaram, basta ouvi-las;, afirmou Pimentel ontem. Para ele, a realização de prévias faria o partido perder tempo. ;Se formos esperar até abril do ano que vem para fazer um outro processo de escolha, é legítimo, é estatutário, não tem problemas, mas vamos perder um tempo precioso. As pré-candidaturas dos outros partidos já estão explicitadas;, argumentou.
Reginaldo aposta que o nome do candidato sairá de um consenso, mas garantiu que marcará as prévias se não conseguir a convergência. ;Temos maioria numérica no diretório, mas sempre disse que o mais importante é a maioria política. Temos tempo até março para buscar essa convergência e ganhar o governo do estado;, afirmou.
O coordenador da campanha de Reginaldo, deputado federal Virgílio Guimarães, foi mais explícito. ;Não há calendário para realização de prévias. O meu desejo era de que o segundo turno não tivesse sido transformado em prévias, mas a realidade se impôs. Não há motivo para perdemos mais tempo com isso;, afirmou.
PMDB
A antecipação da disputa entre os dois pré-candidatos em Minas acabou mobilizando a militância de tal forma que inviabilizou um eventual apoio à candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), dificultando o acordo com os peemedebistas defendido pelo Palácio do Planalto. ;O PT tem os melhores candidatos para fazer um palanque forte para a ministra Dilma Rousseff em Minas;, argumentou Reginaldo. Por diversas vezes, Hélio Costa afirmou que as conversas estavam mais adiantadas com Patrus Ananias.
Nessa segunda-feira, Pimentel garantiu manter boas relações com o peemedebista, mas reafirmou a disposição de não abrir mão da cabeça de chapa: ;Não tem sentido nós, que somos o partido do presidente Lula, que temos experiência de boas gestões municipais em Minas, abrirmos mão. Estamos maduros para apresentar ao estado uma candidatura a governador;.