O temor de que o partido fique dividido para as eleições de 2010 transformou a disputa(1) pela liderança do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) na Câmara dos Deputados em uma reunião com um nível de consenso como há mais dois anos a legenda não vivia.
Depois de articularem por semanas suas candidaturas, os deputados João Almeida (BA) e Duarte Nogueira (SP) entraram num acordo que permitiu ao baiano a vitória por aclamação. Nogueira desistiu da disputa de última hora, depois que a bancada paulista avaliou que o ano pré-eleitoral não era adequado para criar mais um embate dentro do partido.
Além disso, alguns telefonemas do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato ao Planalto, foram suficientes para convencer os tucanos dispostos a enfrentar uma disputa pela liderança de que um racha poderia prejudicar candidatura dele e desestimular os deputados a trabalharem por alianças em seus estados.
Pouco antes do início da reunião que iria escolher o novo líder, Serra telefonou para João Almeida. Falou sobre o interesse em manter a bancada unida e pediu que ele e Nogueira se empenhassem na busca por um acordo. Deu resultados. ;Desisti porque, em conversa com meu colega da Bahia, vimos que o melhor neste momento é evitar embates dentro do partido. Só tínhamos a perder em 2010 se os deputados rachassem de alguma forma. Cedi porque sou mais novo e estou no primeiro mandato como deputado federal. Outras chances virão;, disse Duarte Nogueira logo depois de concluída a eleição.
A preocupação com a unidade do PSDB na eleição do próximo ano criou um cenário diferente nas disputas pela liderança da legenda na Câmara. Em 2008, o partido rachou praticamente ao meio durante o embate entre José Aníbal (SP) e Arnaldo Madeira (SP). Por 36 votos contra 22, Aníbal saiu vencedor e teve trabalho para conseguir minimizar os efeitos do duelo.
No ano passado, o racha se repetiu. Dessa vez, por conta da mudança de última hora feita no estatuto do partido para permitir a reeleição de José Aníbal. Ele foi reconduzido com o apoio dos mesmos 36 votos e deixou indignada uma ala da bancada que considerou um golpe ao estatuto partidário a adoção de novas regras permitindo duas eleições consecutivas. Apesar das críticas, Aníbal caminha para concluir seu segundo ano à frente da liderança e ainda tentou emplacar como seu sucessor o deputado Duarte Nogueira. Estratégia abortada no último momento em nome do que os tucanos chamaram de ;necessidade de promoção da unidade partidária;.
Colaborou Guilherme Queiroz
1 - Outras legendas
Assim como o PSDB, outras legendas trabalham para não se dividir em ano pré-eleitoral. O Partido dos Trabalhadores (PT) discute o acordo feito no ano passado ; durante as negociações que elegeram o atual líder, Cândido Vacarezza (SP) ; de que Fernando Ferro (PE) seria o sucessor natural. Apesar do nome do pernambucano ser tido como certo pelos que participaram das negociações, há resistências dentro da legenda. No Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) a escolha foi bem menos polêmica. O atual líder, Henrique Eduardo Alves (RN), foi reeleito sem precisar enfrentar qualquer disputa.