Jornal Correio Braziliense

Politica

Multiplicação dos cargos

Neste ano, governo já criou 31,4 mil postos na administração federal. Outros 21,5 mil sairão do forno até dezembro. PT alega que a máquina estava sucateada

O governo fechará o ano comemorando a criação de 52.983 cargos e funções na administração pública federal. De janeiro a 10 de dezembro deste ano, 31,4 mil novos postos já haviam sido publicados no Diário Oficial da União (D.O.U). Espera-se que, até o fim de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione projeto de lei ; aprovado na última quarta-feira pelo Senado ; que autoriza a ampliação do efetivo da Marinha em 21,5 mil pessoas. Segundo o projeto, que estima um impacto orçamentário de R$ 27,9 milhões em 2010, esse pessoal será chamado ao longo de 20 anos.

Desde o início da gestão Lula, 219,3 mil cargos foram criados. Os números foram levantados pelo gabinete do deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP) com base nas publicações do D.O.U. Nas contas do parlamentar, do total de cargos criados, 156,3 mil foram destinados ao Executivo, 53,2 mil ao Judiciário, 8,9 mil ao Ministério Público Federal e 788 ao Legislativo. O número de cargos criados corresponde a quase metade do quadro atual da administração pública federal, cujo efetivo é de 544 mil servidores, segundo dados do Ministério do Planejamento. Ainda assim, o governo não pretende encerrar a onda de contratação de servidores.

Outros 58,4 mil cargos constam de projetos em tramitação na Câmara. E há também mais 9,7 mil postos já aprovados pela Casa e agora em tramitação no Senado. ;É uma fúria de contratações que envolve os Três Poderes. Na minha opinião, há uma bagunça na gestão das contratações. Fiz requerimento solicitando ao governo o número de postos e funções da administração que estão vagos. Foi há um mês. Até agora não tive resposta;, ressaltou Madeira. O parlamentar é conhecido por acompanhar com lupa a evolução dos gastos com pagamento de pessoal. A folha da União fechou os últimos 12 meses na casa dos R$ 163 bilhões.

Agenda negativa
O deputado reconhece que os ataques da oposição param no discurso. Isso porque ela não se arrisca a votar contra milhares de servidores públicos, opondo-se à criação de carreiras e ao aumento de remuneração. É uma contrariedade que morre na tribuna. Não migra para o voto dos parlamentares. ;O governo é muito corporativista e cede a todas as pressões. O Congresso também. Tenho votado contra, muitas vezes, sozinho;, diz Madeira. ;Costumo brincar que o único risco que o governo corre ao mandar esses projetos para o Congresso é o de que os parlamentares acabem dando mais do que ele estava prevendo inicialmente.;

Segundo o tucano, dos 283 projetos sancionados pelo presidente até o último dia 17, 83 estavam relacionados a aumento de despesa com a criação de cargos, revisão de quadros ou reajustes e planos de carreira. O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), sai em defesa das novas contratações. Endossa discurso feito por Lula e a ministra Dilma Rousseff em defesa de uma máquina pública forte. ;Em seis anos, o PIB cresceu mais de 27%. A quantidade de escolas técnicas dobrou. O estado tem mais robustez. Hoje, está faltando braço para trabalhar na construção civil. Não é possível manter esse nível de desenvolvimento sem contratar servidores.;