postado em 23/12/2009 09:06
Em seu último pronunciamento em cadeia de rádio e televisão deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que 2010 será a era do investimento no país. Lula afirmou, na tradicional mensagem de Natal, que o país superou rápido a crise porque o governo adotou um novo modelo de desenvolvimento: que une crescimento econômico com distribuição de renda. Para o presidente, o recado natalino do ano passado deu resultados: ao incentivar a população a consumir, fez aumentar os empregos e a produção.
[SAIBAMAIS]"Temos motivos de sobra para comemorar, mas não devemos perder tempo com isso porque a cada dia temos um novo desafio pela frente", avisou o presidente, sem esquecer a comparação com o futebol: "É como no futebol: se o time ganha e faz festa demais, perde a partida seguinte. É preciso foco, atenção e disciplina. Esse ensinamento vale para tudo na vida", afirmou o presidente.
Lula explicou a mudança de rumos a partir de agora: "Se no ano passado anunciamos medidas de estímulo ao consumo, agora nossa ênfase é reforçar o investimento e, assim, fazer a roda da economia girar de forma saudável e sustentada", analisou. "Porque quando o investimento cresce, a produção também cresce, o emprego e o consumo aumentam, e aí a economia precisa de mais investimentos para continuar girando". Ele anunciou uma nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 80 bilhões que se somam a R$ 100 bilhões já disponibilizados este ano.
No pronunciamento, Lula ressaltou que o país venceu a crise por ter feito as escolhas certas. "A mais importante delas foi escolher um modelo de desenvolvimento que junta crescimento econômico sustentável e distribuição de renda", lembrou, ao fazer um rápido balanço de programas sociais, como o Bolsa Família, e de ações governamentais, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente afirmou que 2010 será um ano de crescimento no número de empregos e da economia.
Ao final, o presidente pediu à população para sonhar. "Aprendemos a nos respeitar e, com isso, conquistamos o respeito do mundo lá fora. Que a paz, a esperança e, muito especialmente, o sonho tomem conta da alma de todos vocês neste Natal. Meu coração de brasileiro sente que, mais que nunca, recuperamos nossa capacidade de sonhar e realizar".
Lula provoca Serra em embate verbal
Depois que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), decidiu sair de campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou sua artilharia verbal contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). De posse de metáforas futebolísticas, ele, primeiro, minimizou uma chapa pura tucana à Presidência da República. O argumento foi o de que não seria bom ter "dois Tostões no mesmo time". Ontem, Lula voltou à carga. Acusou Serra de não ser um bom treinador porque o paulista avaliou ser positivo ter dois craques no time se ambos forem talentosos.
Ao ser questionado, em entrevista à rádio FM O Dia, no Rio de Janeiro, ontem, se Serra seria um bom treinador, o presidente respondeu: "Não. Acho que não seria mesmo. O time não é montado assim". O presidente disse que "não basta ser bom de bola, tem que saber trabalhar em equipe, porque o jogo não se ganha sozinho, tem que saber que, dos onze jogadores em campo, cada um tem sua tarefa".
Desta vez, o governador preferiu encerrar o embate verbal. "Não vou falar de eleição e nem de futebol", avisou, em Diadema, onde vistoriou obras de um corredor de ônibus. Serra fez questão de sugerir que vê clara intenção do presidente de entrar em campo contra ele: "Tem gente tentando antecipar o processo eleitoral, tirando-me do foco do governo de São Paulo, mas eu não caio nessa", avisou. Na semana passada, Aécio anunciou que não será candidato à Presidência da República. Com isso, o provável nome do PSDB será o governador de São Paulo. Mas os tucanos ainda pensam em formar uma chapa pura, com o mineiro como candidato a vice-presidente.
Se Serra escapou da discussão, o presidente do PPS, Roberto Freire, que o apoia, não se fez de rogado. "Importante é que ele (Lula) já reconheceu que nós temos dois craques, enquanto eles têm uma perna de pau", contra-atacou Freire, numa referência à candidata de Lula, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.