Com trajetórias políticas distantes e posicionados em trincheiras opostas no jogo da sucessão presidencial, o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão virar o ano bem avaliados por cerca de três quartos do eleitorado de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Pesquisa encomendada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) ao Instituto Vox Populi mostra que a avaliação do desempenho do governo Lula como ótimo/bom variou de 70% em março deste ano para 73% em dezembro. Já a gestão de Aécio foi considerada como ótimo/bom por 76% do eleitorado, índice semelhante ao registrado em março (75%). A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais.
Para Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, Lula e Aécio se tornam os grandes eleitores do estado na votação do ano que vem. ;As pessoas acham ambos muito bons. O eleitorado imagina que os dois podem trabalhar juntos, mesmo com trajetórias diferentes. Isso não acontece em outros estados;, disse Coimbra, que vê o gesto do eleitor mineiro como um sinal de maturidade política, à medida que ;consegue perceber qualidades de políticos tão diferentes e gostar dos dois ao mesmo tempo, sem reduzir a avaliação de desempenho a estereótipos;.
Como Aécio e Lula estão terminando o segundo governo e não podem tentar a reeleição, paira sobre cabeça de petistas e tucanos envolvidos no jogo sucessório uma pergunta ainda sem resposta: qual a capacidade de transferência de votos do presidente e do governador para seus candidatos? Coimbra não se arrisca a solucionar a questão, principalmente porque o quadro atual indica que os dois manterão a distância nos palanques de 2010. Mas, pelas posições que ocupam, o diretor do Instituto Vox Populi afirma que a tendência é Aécio exercer mais influência na eleição ao governo estadual do que à Presidência da República. O inverso ocorreria no caso do presidente Lula.
Petistas se apegam a essa análise para manter a aposta de que, se for candidato ao Planalto, o governador de São Paulo, José Serra, não dará um baile na ministra Dilma Rousseff na votação para presidente em Minas. Coimbra considera pequena a proporção de votantes que considerarão apenas a indicação de Aécio ou Lula na hora de escolher o candidato. ;O eleitor vota comparando as pessoas. A informação sobre quem está com quem é apenas uma que ele leva em consideração. Tudo vai depender também do clima de campanha e do desempenho dos candidatos;, declarou Coimbra.
Aposta na economia
Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o governador Aécio Neves começaram suas administrações com índices de avaliação menores do que os alcançados perto do fim dos respectivos mandatos. Em março de 2003, o governo do tucano era considerado ótimo/bom por 43% do eleitorado mineiro, percentual que seguiu ascendente, sem interrupções, até a última pesquisa. Já a trajetória do petista foi marcada por percalços. Em 2003, o presidente foi considerado ótimo/bom por 56% dos eleitores de Minas.
A avaliação positiva, no entanto, caiu a 29% em dezembro de 2005, influenciada pelo escândalo do mensalão. Mas Lula se recuperou, foi reeleito em 2006 e alcançou 77% de avaliação positiva em dezembro do ano passado. O bom desempenho das economias brasileira e mineira nos últimos anos ajuda a explicar os resultados. Em dezembro de 2008, no auge da crise econômica mundial, 60% dos entrevistados afirmavam que a economia brasileira estava progredindo. Neste mês, o percentual subiu para 68%, o maior índice desde o início do governo Lula.
A economia mineira também obteve avaliação positiva. Em dezembro de 2008, 67% dos entrevistados acreditavam que ela estava progredindo. Agora, são 72%, recorde na gestão Aécio (TH).