postado em 29/12/2009 12:18
São Paulo ; Numa época em que já estão praticamente definidas todas as pré-candidaturas nos maiores colégios eleitorais do país, uma figura polêmica do cenário político nacional ainda está sem rumo em relação às eleições de 2010. O deputado Ciro Gomes (PPS-CE) ainda não decidiu se mantém a pré-candidatura ao Palácio do Planalto, contrariando a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou se atende ao apelo do petista e concorre ao governo de São Paulo. Nos bastidores do PT e do PSB corre a informação, de que ninguém assume publicamente, que essa indecisão vai fazer com que Ciro fique sem uma coisa nem outra. É possível que ele saia de cena com um ministério no último ano do governo Lula.A última pesquisa CNI/Ibope mostrou Ciro com 13% de intenção de voto, atrás do governador de São Paulo José Serra (PSDB), que tem 38%, e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (17%), a preferida de Lula. Recentemente, o deputado cearense afirmou que fará tudo o que puder para não ser candidato a governador de São Paulo. ;Não é meu plano, não é meu projeto. Considero estranha essa candidatura;, ressaltou num programa de rádio. Depois de ouvir essa declaração, Lula disse a interlocutores que o PT deverá sair com Aloizio Mercadante ou mesmo Marta Suplicy. Ambos vêm se saindo bem em pesquisas internas.
O maior problema da resistência de Ciro em concorrer ao governo de São Paulo é o tempo. Se ele já tivesse batido o martelo com o PT, sua pré-campanha já deveria estar nas ruas. O único movimento concreto que o deputado fez até agora foi mudar o domicílio eleitoral do seu título de eleitor do Ceará para São Paulo. ;Mesmo que ele aceite mais tarde ser candidato ao governo paulista, sua campanha já começará com problemas, porque ele declarou publicamente várias vezes que não é esse o seu desejo. Seus adversários usarão isso contra ele;, avalia Roberto Gambini, professor de marketing político da Universidade de Campinas (Unicamp).
Nos bastidores, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é o maior defensor de que Ciro deixe a corrida ao governo de São Paulo, já que não é de sua vontade concorrer. O petista chegou a criar uma crise no PT paulista ao dizer publicamente que o político cearense nada tem a ver com São Paulo, apesar de ter nascido no município de Pindamonhangaba.
Ex-ministro da Integração Nacional de Lula, Ciro é um dos maiores críticos da relação de amor criada entre o PT e o PMDB, que serve de alicerce para a candidatura de Dilma Rousseff.
Apelo
Já o presidente Lula disse recentemente que fará um apelo para que Ciro retire sua candidatura e que pretende ter uma conversa pessoal com o deputado, já que a pré-candidatura dele compromete o projeto de eleger Dilma. É provável que essa conversa ocorra só depois do carnaval, já que em março vencerá o prazo de desincompatibilização para os integrantes do governo. ;Tenho muita consideração pelo Ciro por causa da sua lealdade. Mas é claro que, se ele entender que deve ser candidato, eu jamais me oporia;, ponderou.