postado em 05/01/2010 08:14
Para tentar frear o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nos próximos meses, e evitar que ela continue a beber da alta popularidade do presidente Lula, o PSDB promete elevar o tom das críticas ao governo petista, a 10 meses da eleição presidencial. A opção por uma estratégia mais agressiva foi acertada ontem na primeira reunião do ano com representantes da cúpula do partido, no Rio de Janeiro.O primeiro ato depois do encontro, que simbolizará a nova postura do partido, é o ingresso de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o PT, pedindo à Justiça Eleitoral que considere propaganda antecipada as inserções de rádio e televisão veiculadas pelo partido governista em dezembro do ano passado. As mensagens apresentaram a ministra e pré-candidata Dilma como estrela principal das realizações do governo Lula.
O PT promete reagir e devolver o ato com a mesma moeda, provocando o TSE a também declarar propaganda antecipada as inserções do PSDB que apresentaram as realizações dos governadores e então pré-candidatos do PSDB ao governo federal, José Serra e Aécio Neves. Nos programas, a dupla exaltou realizações e o modo tucano de governar, em vez de bater em Dilma ou em Lula. O tom do PSDB mudará nos próximos dias, quando o partido cobrará uma atuação mais forte dos parlamentares, seja na Câmara ou no Senado, para que contestem realizações e números divulgados pelo governo federal. Pesquisas internas do partido confirmam a força e a popularidade do presidente Lula, mas mostram também a insatisfação de setores da opinião pública com a atuação do governo em áreas como infraestrutura, saúde e segurança pública.
Bandeiras
O PSDB traçará nos próximos dias algumas bandeiras para reforçar o discurso da militância e de seus simpatizantes. Tentará roubar um pouco do espaço conquistado pela comunicação petista nas mídias regionais, aproveitando a facilidade de entrada de vereadores e deputados do partido nesta seara. Os oposicionistas entendem que não é mais possível ficar parado (1) frente ao crescimento de um sentimento nacional que coloca o Brasil como um país com todos os problemas resolvidos. Campanhas publicitárias com tom ufanista, veiculadas recentemente por empresas como Ambev e GM, causaram desconforto entre os tucanos.
Além do presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), participaram do encontro no Rio de Janeiro o novo líder da legenda na Câmara, o deputado João Almeida (PSDB-BA), e o vice-líder no Senado, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Estiveram presentes ainda outros deputados e representantes da Executiva do partido. No encontro, ficou acertado que a próxima reunião da Executiva Nacional será em Belo Horizonte, na segunda quinzena de janeiro. É uma forma de prestigiar o governador Aécio Neves pelo gesto de abrir mão da disputa interna em nome de José Serra.
1 - Timidez em excesso
As tentativas de bater no governo em 2009 não surtiram efeito. Episódios como a CPI da Petrobras, a CPI do MST e o caso Lina Vieira não arranharam a credibilidade do Planalto. Para o secretário-geral do partido, o deputado federal Rodrigo Guerra (PSDB-MG), há uma dificuldade natural do PSDB em ser oposição e timidez por parte dos aliados. "É da natureza do partido ser cuidadoso. Já participamos do governo e isso nos inibe. Há também falha na direção nacional na hora de municiar as bases com material. Isso vai mudar", disse.