Politica

Candidatos a vice na chapa de Dilma irão participar de congresso petista no dia 20

Intenção é isolar peemedebistas contrários à aliança e reforçar palanques estaduais

Daniel Pereira
postado em 04/02/2010 09:15
Caciques do PMDB favoráveis à aliança com a petista Dilma Rousseff participarão do Congresso Nacional do PT, em Brasília, no qual será ratificada a candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil. A ideia é reforçar em público o noivado entre os dois partidos, considerado um dos principais trunfos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para derrotar os tucanos em 2010. Segundo os mentores da iniciativa, a participação dos peemedebistas renderia pelo menos dois dividendos. Serviria para constranger a ala da legenda contrária à coligação com a petista. E teria um efeito pedagógico, ao retratar suposta união num momento em que PT e PMDB enfrentam dificuldades para fechar os palanques estaduais.

Lula com Dilma e Gabrielli, da Petrobras: Mantido o roteiro original, o comando peemedebista subirá ao palanque do congresso petista em 20 de fevereiro, quando o encontro será encerrado. Prestigiarão o discurso de Dilma Rousseff, já devidamente aclamada candidata, os presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), e do Banco Central, Henrique Meirelles, os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações), além de líderes da legenda, como Henrique Eduardo Alves (RN), que está à frente da bancada de deputados. Temer, Meirelles e Costa são lembrados como possíveis vices na chapa da ministra.

O plano de reuni-los para uma fotografia ao lado de Dilma foi costurado na noite de terça-feira, durante jantar oferecido pela cúpula do PMDB ; na casa do deputado Eunício Oliveira (CE) ; ao novo líder do governo na Câmara, o petista Cândido Vaccarezza (SP). ;O jantar serviu para reforçar a identidade entre PT e PMDB. O Vaccarezza é uma das pessoas que mais apostam na aliança entre os dois partidos;, disse Alves. No jantar, também ficou acertado que é preciso colocar na rua o bloco de parlamentares que defendem a eleição de Dilma. Por enquanto, a pré-campanha é tocada por Lula e embalada por ;cerimônias oficiais; nas quais o presidente e a ministra têm papel de protagonistas. Sejam inaugurações de pedras fundamentais ou balanços de ações oficiais.

Peemedebistas disseram a Vaccarezza que estão prontos para sair às ruas já na próxima semana. Lembraram que a próxima convenção nacional da sigla, responsável pela escolha da nova direção partidária, foi antecipada para sábado justamente a fim de permitir dedicação à pré-campanha de Dilma e de candidatos nos estados. Na convenção, Temer deve ser reeleito presidente nacional do PMDB. O favorito para a vice-presidência é Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado e ministro da Previdência no primeiro mandato de Lula. O cargo de tesoureiro ficará com Eunício Oliveira, ex-ministro das Comunicações.

Obstáculos

O PMDB só anunciará uma posição oficial sobre a sucessão presidencial em junho. Apesar do empenho de Lula, os dois maiores partidos governistas estão às voltas com uma série de problemas. Um deles é a formação dos palanques estaduais. Em Minas(1), o segundo maior colégio eleitoral do país, ambas as siglas querem lançar candidato ao governo. Os peemedebistas apostam em Hélio Costa. Os petistas se dividem entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias.

Outra dificuldade é a escolha do vice de Dilma. Temer desponta como favorito para o posto. Dia após dia, no entanto, é bombardeado nos bastidores. Vê, por exemplo, subir a cotação de Meirelles entre petistas. Nem que seja da boca para fora. Esse movimento é capitaneado por uma ala do PT que defende composição com o bloco de esquerda ; PSB, PCdoB e PDT. Se dependesse dessa corrente petista, o deputado Ciro Gomes (CE) seria o vice na chapa de Dilma. ;O Meirelles tem todas as condições de ser vice. Ele agregaria a mesma coisa que o Temer;, declarou um dos ministros mais influentes do governo. ;Agregaria a fotografia. Vice é só fotografia;, acrescentou.

1 - Critérios
Para desatar o nó, uma das propostas é realizar uma pesquisa em março. Na verdade, dois levantamentos, encomendados por institutos escolhidos por PT e PMDB. O nome preferido pelo eleitorado seria o concorrente da dupla. O problema é que petistas discordam desse critério. Entre outros motivos, porque Hélio Costa lidera as sondagens. ;É preciso resolver a questão. Se não, a gente perde a eleição em Minas. O governador Aécio está comendo pelas beiradas e pode eleger o candidato dele (o vice Antonio Anastasia), o que teria reflexos na eleição nacional;, afirmou Alves.


Oposição ;doida;

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a crise de hipertensão que ele teve na semana passada não vai impedi-lo de continuar inaugurando obras por todo o Brasil. Provocando a oposição, afirmou que ;muita gente vai ficar doida de raiva; com isso, e lamentou o fato de que não poderá ter a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao seu lado, quando a campanha eleitoral começar.

;Quem esperar que vou ficar sentado em Brasília pode tirar o cavalo da chuva porque vamos inaugurar obra este ano. Tem gente que vai ficar doida de raiva, mas nós vamos. É uma pena que a Dilma não vai poder ir comigo, mas nós vamos, porque esse país não pode parar mais. Esse país encontrou o caminho;, afirmou, em discurso na inauguração do gasoduto Cabiúnas-Reduc 3, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Lula voltou a garantir que não costuma ter problema de pressão, e que a mede todos os dias. Em tom de brincadeira, disse que o problema da semana passada está ligado ao fato de ser corintiano. ;Tive problema de pressão esses dias. Esse negócio de ser corintiano é uma desgraça, porque vi comprar tanto jogador e vi três jogos e não vi o Corinthians deslanchar. Vocês viram domingo? O Corinthians marcou um gol aos 6 minutos, e o Palmeiras passou os outros 84 minutos jogando a bola dentro da nossa área. Rapaz, vi a hora que o coração ia sair pelo pé.;

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