postado em 05/02/2010 08:02
A convenção que o PMDB faz amanhã para escolher o futuro presidente da legenda é apontada por setores do PT como o início oficial de uma queda-de-braço. Com um diretório favorável à aliança com a ministra Dilma Rousseff, será travada um confronto entre a parcela do PMDB que deseja a vaga de vice para o presidente da Câmara, Michel Temer, e alas do PT ansiosas pela escolha de alguém com outro perfil. Se o cenário na época da campanha for buscar alguém que complemente a chapa com votos, por exemplo, a vaga estará mais para o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Se for para dar tranquilidade a grupos econômicos, o nome mais adequado será o do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.Até o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, admite que, se for preciso reavaliar, o PMDB o fará. Mas, por enquanto, não vê necessidade. ;O PT não tem como fazer essa avaliação. Só quem fará essa avaliação, se precisar lá na frente, será o PMDB. Queremos ganhar a eleição. Se amanhã sair uma chapa Serra-Aécio, o que eu não acredito, o próprio PMDB avaliará;, diz Alves, referindo-se à hipótese de uma dobradinha tucana entre os governadores de São Paulo, José Serra, e o de Minas Gerais, Aécio Neves.
[SAIBAMAIS]Antes de chegar a esse ponto de avaliar os candidatos, o PMDB tentará fazer do nome de Temer fato consumado no sábado. Até como forma de tentar agregar votos dentro do partido em favor da ministra Dilma Rousseff. ;Não há como um peemedebista deixar de votar numa chapa em que estará o presidente do partido;, diz Eduardo Alves.
Licença
Assim que for reeleito na convenção deste sábado, Temer se licenciará do cargo para se dedicar a tocar outras ações(1), como os afazeres da Câmara e os movimentos de bastidores no sentido de agregar votos para a futura aliança com o PT de Dilma Rousseff. A presidência do partido, então, pelo acordo que garantiu a união do partido, ficará nas mãos de um senador. Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-líder da bancada Valdir Raupp (RO) prometiam ir até o fim na disputa pela primeira-vice presidência do PMDB e, por tabela, o comando do partido. ;Pedi a eles que se entendessem. Se não, a tendência da bancada é indicar Raupp;, diz o líder Renan Calheiros (PMDB-AL).
Parte da bancada no Senado considera que Raupp, no papel de líder do governo, tenderá a fazer as vontades do PT de Lula na hora de negociar os palanques estaduais. E Raupp é visto como mais disciplinado e seguidor da vontade da maioria dos senadores que segue a cartilha de Renan. Só que Jucá é conhecido como um político desenvolto e audaz na hora de sentar-se à mesa com os caciques petistas. Há dois dias, numa reunião na casa de Temer, Jucá foi direto com Renan: ;Raupp é ótimo, mas acho que eu tenho o perfil mais adequado para o momento. E estou à vontade para colocar isso em qualquer fórum;.
Renan apenas ouviu. Mas para a maioria dos presentes estava claro: Jucá está disposto a se apresentar como candidato a vice-presidente na convenção para concorrer contra Raupp na hipótese de perder a indicação da bancada de senadores. A briga pela vice é uma rachadura na unidade entre as alas do PMDB que, por enquanto, está fechada em torno de Temer: ;Essa convenção demonstra a união das correntes em torno de Temer. Torna ele a liderança mais expressiva do partido. É uma grande solução (para a vice de Dilma), mas só trataremos disso na hora adequada;, diz Renan.
1 - No Congresso
Temer quer se dedicar a dois projetos: manter a Câmara atuante e capaz de aprovar projetos populares este semestre, de forma a ajudar a reeleição dos parlamentares, e movimentos de bastidores para garantir a vaga de vice e uma maioria expressiva de votos na convenção em prol da aliança com Dilma Rousseff. Enquanto isso, o presidente em exercício do PMDB cuidará das conversas sobre alianças estaduais.
O número
568 - Total de convencionais do PMDB, que somam 807 votos no encontro de amanhã
Colaborou Karla Mendes