Politica

Enquanto Ciro se recusa a desistir do Planalto, PT fica mais perto da candidatura própria

postado em 09/02/2010 08:19
As recentes declarações do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) fizeram o PT de São Paulo começar o desembarque de um projeto comum. O primeiro sinal mais forte foi adiar o apelo que os dirigentes regionais do PT, PDT e PSB fariam a Ciro nesta quinta-feira para que ele concorresse ao governo paulista. Ficou para depois do carnaval. Embora em público os petistas digam que nem tudo está perdido, os movimentos hoje são no sentido da candidatura própria, dividindo os governistas em São Paulo em um palanque do PT e outro do PSB, com Paulo Skaf.

A posição de Ciro deve rachar o palanque de Dilma em SP entre o PT e o PSBNo Congresso Nacional do PT ; dias 18, 19 e 20 deste mês ;, quando lançará as bases da pré-campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, os paulistas querem aproveitar para, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conversar sobre as dificuldades em São Paulo. Lá, o PT vive um jogo de empurra interno para ver quem será candidato a governador.

O deputado Antonio Palocci (PT-SP) foi o primeiro a dizer que estava fora do páreo. Logo depois, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) anunciou seu projeto de concorrer à reeleição. Desde então, começaram as pressões para que ele disputasse o Palácio dos Bandeirantes. O ex-presidente do PT José Dirceu, por exemplo, ao se referir às boas notícias da semana, há dois dias, em seu blog, citou o fato de o PT poder indicar Mercadante ao governo estadual.

Dirceu é citado nos bastidores do PT como um dos que ajudou a azedar o clima entre Ciro Gomes e o PT. Atribuem a ele, por exemplo, as ameaças sobre o lançamento de um nome petista candidato a governador no Ceará, onde o irmão de Ciro, Cid Gomes, é candidato à reeleição. Cid não esconde mais as mágoas com Dirceu, que esteve em Fortaleza, ligou para o governador, mas não foi recebido.

Hoje, no PT, só Lula poderá levar Ciro a mudar de ideia em relação ao governo paulista. E o pedido terá que vir com a certeza de que o PT estará engajado na campanha, o que o PSB hoje não tem tanta certeza por causa da ausência de gestos das estrelas petistas.

Marta Suplicy, o terceiro nome do PT para o governo paulista, e Mercadante em nenhum momento marcaram eventos e convidaram Ciro para palestras em São Paulo, o que é permitido nessa fase. Ambos cuidam da própria vida. Assim como Mercadante quer a reeleição ao Senado, Marta deseja a Prefeitura de São Paulo em 2012. Se nenhum dos dois quiser ;o sacrifício; que o PT esperava entregar a Ciro, o candidato será o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. Só que Lula, no caso de Ciro se recusar a concorrer, insistirá com Mercadante ou Marta para que aceitem o desafio.

Falta de apetite
A visível falta de apetite dos petistas para o governo de São Paulo está no fato de todos eles começarem essa corrida em desvantagem em relação aos tucanos. O PSDB é hoje favorito para o governo paulista, seja José Serra candidato à reeleição ou ; na hipótese de Serra concorrer à Presidência da República, o que é mais provável ; Geraldo Alckmin, ex-governador. Esse foi, inclusive, o que levou Lula a fazer o apelo a Ciro Gomes. Só que essa obra de engenharia política está cada vez mais frágil. Não é à toa que Lula visitará municípios paulistas esta semana. Seus ministros garantem que o presidente já percebeu que, se depender dos petistas de São Paulo, a diferença entre Dilma e Serra no estado dificilmente cairá.

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