postado em 10/02/2010 08:53
Sem muito estardalhaço, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem usado as audiências para tratar da vida de cada um de seus ministros na temporada eleitoral deste ano, escalando muitos deles para permanecer no cargo durante a campanha. O quadro está praticamente fechado e o Palácio do Planalto calcula que só 11 ministros deixarão o governo para tentar buscar um mandato eletivo em 2010. Antes, eram 15.Alguns saíram da lista nos últimos dias, quando Lula repassou o rol de auxiliares para reforçar os apelos àqueles que não deseja ver fora do governo. Foi quando, por exemplo, o presidente decidiu insistir na permanência do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, cujo destino foi resolvido há dois dias durante uma conversa de 10 minutos no gabinete presidencial.
Lula também já pediu que o ministro da Secretaria de Portos, Pedro Brito, continue no governo. Das secretarias ligadas à Presidência da República, o único a deixar o cargo será mesmo Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, que está pronto para concorrer a um mandato de deputado federal no Rio de Janeiro.
Também estão certas as permanências do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do PDT; da Defesa, Nelson Jobim; e da Saúde, José Gomes Temporão. O chanceler Celso Amorim praticamente descartou o projeto de concorrer a um mandato eletivo no Rio de Janeiro. Outro que já havia decidido ficar, conforme antecipou o Correio, em janeiro, foi o ministro do Esporte, Orlando Silva, que é dado como certo para ocupar a autoridade pública olímpica, adiando o projeto de concorrer a um mandato de deputado federal.
Nos ministérios em que os comandantes estão em fase de arrumar as gavetas, a transição já começou. Na Agricultura, o PMDB acertou com Lula em dezembro do ano passado a entrega do cargo ao atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi. ;Nós definimos que lá seria importante manter a bandeira do partido, para mostrar o trabalho desenvolvido;, afirma o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que participou das negociações que garantiram a indicação de Rossi.
Aliança
Rossi é ligado ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). E agora, como ministro, terá a missão política de tentar ajudar a reduzir o número de resistentes à aliança do PMDB com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com Temer na vaga de vice na chapa que disputará a Presidência da República. Foi o único cargo em que o PMDB bateu o pé para escolher o ministro.
Na Integração Nacional, os peemedebistas fecharam com a permanência do secretário executivo, João Reis Santana Filho. Ele está no cargo há um ano. Substituiu o então secretário Luiz Antonio Eira, que se desentendeu com Dilma numa reunião por causa do cronograma da Ferrovia Transnordestina e pediu demissão. Agora, para não brigar com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o governo deixou o ministro à vontade para escolher Santana Filho e, por isso, o PMDB não vê a necessidade de indicar outro nome para o lugar de Geddel.
Além dele, a lista presidencial dos que deixam o governo, encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dllma Rousseff, inclui: José Pimentel (Previdência); Carlos Minc (Meio Ambiente); Edison Lobão (Minas e Energia); Hélio Costa (Comunicações); Alfredo Nascimento (Transportes); Reinhold Stephanes (Agricultura); Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome); e Tarso Genro (Justiça) ; o único que já deixou o cargo; além de Edson Santos.
PT do DF pode ganhar prestígio
A mexida pré-eleitoral na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode, ainda, render ao PT do Distrito Federal uma vaga de destaque no atual governo. A secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Arlete Sampaio, foi convidada a ocupar o cargo quando e se o ministro Patrus Ananias sair para disputar o mandato de governador de Minas Gerais, seu projeto político para este ano. Arlete foi candidata a governadora do DF em 2006. Perdeu para José Roberto Arruda. Agora, tinha como projeto ser candidata a deputada distrital, mas o Palácio do Planalto dá como certa a sua permanência.
Patrus depende ainda da decisão do PT mineiro, que continua sem um desfecho para a queda de braço interna entre o ministro e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Há quem diga que, com a notícia de que o vice-presidente José Alencar aceitaria ser vice de Patrus, o ministro ganhou novo fôlego na corrida pelo Executivo estadual.