postado em 13/02/2010 17:12
São Paulo ; Ao participar de uma cerimônia pública para a entrega de ônibus escolares na cidade de Guararapes, a 460 quilômetros de São Paulo, o governador José Serra (PSDB) foi vaiado por um grupo de 150 professores que participavam de uma manifestação contra a política educacional do tucano. No início, Serra não deu bola para o apitaço que os manifestantes faziam. No entanto, ao iniciar o discurso, os professores aumentavam o barulho, deixando o governador irritado. Serra interrompeu o discurso várias vezes e, sempre que reiniciava, os professores recomeçavam o barulho para que ele não conseguisse falar. Ao ser vaiado pela quinta vez, o tucano perdeu a linha e chamou os manifestantes de ;energúmenos;.A prefeitura da cidade havia montado um palanque no centro da cidade. A ideia era que o governador entregasse 57 ônibus para as administrações públicas da redondeza fizessem o transporte escolar em zonas rurais. No meio do evento, os professores engrossaram o protesto. A maioria dos manifestantes é filiada ao Sindicato dos Professores (Apeoesp). Eles usavam nariz de palhaço e usavam um megafone para fazer críticas a Serra. As vaias ficaram mais sonoras no momento em que o governador pedia ajuda dos prefeitos para a instalação de uma rede de hospitais para atendimento de portadores de deficiências físicas.
Ao fazer o apelo com mais ênfase, Serra foi cortado por gritos de um manifestante que caminhava em direção ao palanque. ;Esse energúmeno que está gritando é contra o atendimento dos cegos, é contra os deficientes físicos, é contra os ônibus escolares, e é contra a maioria que está aqui;, rebateu o governador.
Após a ofensa, o tucano foi aplaudido por sua claque. Depois das palmas, Serra continuou discursando. ;Este energúmeno é um sujeito que certamente nunca teve um parente com deficiência física para ficar tripudiando essas pessoas desta maneira;, ressaltou, ríspido. O manifestante, um homem de cabelos brancos, ainda tentou responder ao governador, mas foi retirado da plateia por policiais que faziam segurança do local.
A assessoria da prefeitura de Araçatuba disse que o bate-boca ocorreu porque o manifestante provocou. Justificou ainda a rispidez de Serra com as constantes vaias proferidas pelos manifestantes. O governador ficou irritado, na verdade, logo que chegou ao evento. Um coro gritava ;Serra nunca mais; e o chamava de ;mentiroso;. Irritado, Serra respondeu que se tratava de ;meia dúzia de gatos pingados da Apeoesp, que na campanha passada queimaram os livros que foram distribuídos para alunos e professores em praça pública. ;Eles estão em campanha eleitoral, uma campanha que eu não comecei;, disse o tucano.
Chuvas
Em outro evento, na cidade de São Luís do Paraitinga, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas em São Paulo, Serra disse que não vai aceitar que a oposição tire proveito das tragédias naturais para faturar em campanhas políticas. Segundo ele, a oposição está torcendo para o ;quanto pior, melhor;. ;Tem muita gente jogando e se deliciando com as enchentes. Mas eu não presto atenção a esse posicionamento;, disse, acrescentando que essa politização das tragédias é natural.
Auxílio para vítimas de chuvas
Em meio à polêmica da politização das enchentes, o governador José Serra anunciou ontem em São Paulo o programa Novo Começo, que tem como objetivo dar apoio às vítimas das chuvas. Pelo programa, cada família desabrigada receberá um auxílio-moradia emergencial de R$ 300 por mês, além de benefícios no valor de R$ 1 mil para tentar reconstruir as casas. O programa está sendo administrado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). No lançamento da iniciativa, 304 famílias de São Luís de Piratininga receberam cheques no valor de R$ 900 referentes a três meses de auxílio. (UC)