Politica

Forte presença no carnaval e agenda de inaugurações aproximam Serra da corrida presidencial

postado em 19/02/2010 09:16
São Paulo ; Enquanto a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), falava ontem em Brasília abertamente como candidata à Presidência da República, o seu concorrente mais forte, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), evitou comentar a corrida presidencial, mas cumpriu agenda oficial típica de quem está de olho nas eleições. Pela manhã, o tucano inaugurou na capital paulista uma escola. No início da tarde, entregou mais uma unidade dos restaurantes Bom Prato na Vila Brasilândia, Zona Norte. Recebido com pompas de candidato, Serra resolveu até almoçar no local. Comeu um PF (prato feito) com bife, arroz e feijão. Foi aplaudido e tudo.

A atitude corresponde às pressões internas do PSDB para que Serra tenha mais postura de pré-candidato. No discurso, ele tenta manter a compostura, mas volta e meia cede, como ocorreu no carnaval de Salvador. ;Ainda bem que ele resolveu aceitar o nosso convite. As pessoas o cumprimentaram na rua e ele deu entrevista em todas as redes de televisão;, contabiliza Antônio Imbassahy, presidente do diretório baiano do PSDB. Ele é um dos maiores defensores da ideia de que Serra tem de sair dos limites de São Paulo antes mesmo de se desincompatibilizar do cargo.

O deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA) também estima os ganhos políticos com a ida de Serra ao carnaval baiano. Apesar de defender o governador como única alternativa dentro do PSDB para concorrer ao Planalto, Jutahy Jr. acha que Serra deve ter cautela nesse momento. ;Todas as pesquisas apontam uma diferença grande entre a liderança de Serra e as possibilidades dos outros candidatos. Isso mostra que a estratégia que ele adotou vem dando certo;, comenta.

A estratégia a qual o parlamentar se refere é justamente a de não anunciar a candidatura e mantê-lo no Palácio dos Bandeirantes até o fim de março. Até lá, Serra colherá louros com inaugurações, lançamentos de programas sociais e outras atividades típicas de candidato. ;Governar São Paulo é a maior vitrine que um pré-candidato poderia ter neste momento;, frisa Jutahy Jr.

O deputado estadual Fernando Capez (PSDB) também defende que Serra continue no governo de São Paulo até o fim do limite permitido. ;Além de respeitar a legislação, no governo, o Serra cumpre o compromisso assumido com a população de São Paulo de governar até o momento em que a lei permite;, ressalta. Capez lembra que Serra usa na corrida presidencial a mesma estratégia usada na pré-campanha para a prefeitura de São Paulo e, em seguida, para o governo do Estado. ;Em ambas, ele saiu vitorioso;, lembra.

Ainda não
No encontro que teve com a cantora Madonna, na semana passada, Serra disse à popstar que só seria candidato se o povo assim quisesse. Nas poucas entrevistas coletivas que concede no exercício de governador do maior estado da nação, ele desconversa quando é questionado se vai concorrer à Presidência. Diz que ;ainda; não é candidato. Em menos de 15 dias, no entanto, distribuiu bolsa-enchente para familiares vítimas das chuvas que castigam São Paulo, entregou ônibus escolares para prefeituras e participa até de inaugurações de escolas pequenas. ;O Serra não precisa aparecer como a Dilma porque ele é conhecido em todo o país, ao contrário da Dilma Rousseff, que é uma desconhecida da população;, frisa o presidente do PSDB paraense, senador Fernando Flexa Ribeiro.

Críticas à UNE
Presidente da União Nacional dos Estudantes na década de 1960, o governador de São Paulo, José Serra, aproveitou a inauguração de uma escola na Zona Sul da cidade para criticar os rumos da entidade atualmente. ;A UNE era superpolitizada e atuante, diferente do que é agora. Hoje é partidarizada e diluída. Os líderes estudantis eram líderes porque eram líderes, não por questão de partido;, disse Serra. A lembrança dos tempos de estudante surgiu quando o governador inaugurava uma escola estadual que ganhou o nome do ex-secretário da Educação paulista Carlos Estevam Martins.

"Todas as pesquisas apontam uma diferença grande entre a liderança de Serra e as possibilidades dos outros candidatos. Isso mostra que a estratégia que ele adotou vem dando certo"
Jutahy Magalhães Júnior, deputado federal (PSDB-BA)


Ciro Gomes contra o tom plebiscitário

Danielle Santos

Apostando no aprimoramento das políticas desenvolvidas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e enfatizando que a corrida eleitoral não precisa ser um plebiscito, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) reforçou ontem o nome do deputado federal Ciro Gomes (CE) como pré-candidato à Presidência nas cadeias de rádio e televisão. A propaganda eleitoral da legenda durou 10 minutos e enfatizou a participação do partido na conquista dos grandes avanços do governo Lula, como o Bolsa Família, a política de salário mínimo e o aumento de crédito para as famílias de baixa renda. A estratégia do partido é fortalecer o nome de Ciro, mas não descartar alianças. ;A propaganda expôs bem nossa intenção. Queremos alavancar a posição do Ciro, mas temos compromisso com o governo Lula e trabalhamos para merecer o reconhecimento das ações feitas durante a gestão;, afirma o secretário-geral do PSB, senador Renato Casagrande (ES).

No comando da apresentação da propaganda, Ciro Gomes enalteceu a administração do PT e confirmou que o partido é aliado, mas acrescentou que problemas ainda podem ser enfrentados e que o PSB pode fazer mais pelo país. Usando comparações futebolísticas como ;Fla-Flu partidário; e ;disputa Corinthians-Palmeiras;, o pré-candidato reforçou o argumento de que a corrida eleitoral não precisa ser transformada em uma espécie de ;sim ou não;, reforçando sua intenção de aparecer como terceira via. É nesse ponto que Ciro e Lula divergem, já que o presidente prefere que a base aliada tenha apenas um candidato. Os coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff temem que Ciro possa prejudicar o desempenho da sucessora de Lula durante a corrida ao Planalto. De acordo com Casagrande, a legenda espera uma definição dos governistas até março para decidir o futuro de Ciro, caso ele não tenha conseguido aliança com outros partidos. ;A definição do nosso partido só sairá em abril. As propostas estão lançadas e não vamos descartar negociações;, completa.

Durante os 10 minutos de programa, Ciro dividiu a peça publicitária com três candidatos do partido favoritos à reeleição: os governadores Eduardo Campos (PE), Cid Gomes (CE) e Wilma de Faria (RN), que concorrerá ao Senado. Juntos, eles apresentaram a forma de governar em seus estados e o que conseguiram realizar durante o mandato.

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