Politica

Emídio de Souza, Prefeito de Osasco e potencial postulante ao governo de São Paulo, cobra definição do PT

Partido reluta em apontar candidato próprio para o Palácio dos Bandeirantes e já trabalha com a hipótese de Ciro Gomes, do PSB, não desistir da corrida pela Presidência da República

postado em 24/02/2010 08:32
Insatisfeito com a passividade do PT de São Paulo na escolha de quem será o candidato do partido ao governo estadual, o prefeito de Osasco ; município que fica a 18km da capital ;, Emídio de Souza, pretende colocar a direção da sigla contra a parede. Espremido pelo prazo de desincompatibilização do cargo, no início de abril, ele vai reunir seu grupo de apoio político no começo de março para cobrar uma decisão.

Com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) relutante em aceitar a candidatura e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) forçando sua pré-candidatura à Presidência da República ; contrariando o PT, que gostaria de vê-lo concorrendo ao governo paulista ;, Emídio não vê outra alternativa senão cobrar agilidade dos dirigentes. Na avaliação dele, se o partido esperar pela definição dos dois, o prazo de 2 de abril chegará e ele não poderá deixar a prefeitura para entrar na campanha.

O movimento ocorre no esteio da reunião de Ciro Gomes com representantes de nove partidos, entre eles PT, PSB, PDT e PCdoB, em São Paulo. Marcado para hoje, o encontro servirá para as legendas reforçarem a necessidade do parlamentar pelo Ceará lançar sua candidatura. ;Vamos discutir a importância de ele ir para São Paulo e mostrar que uma chapa desse tamanho, com metade do tempo de televisão, tem chance de ganhar;, disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), um dos articuladores da reunião. Para o parlamentar, Ciro tem se mostrado insatisfeito com a proposta por entender que não tem força para a vitória. Para o PT, essa é a última tentativa em cima de Ciro sob argumento que está sendo feito apenas um jogo de cena. Os partidos trabalham com o deputado fora do jogo e pensam em um plano B.

;Não podemos ficar esperando o humor do Ciro;, disse Emídio ao Correio. O movimento do prefeito de Osasco também agrada ao grupo político da ex-prefeita Marta Suplicy, que está na disputa pelo governo, mas prefere concorrer ao Senado. A lista de pré-candidatos petistas inclui ainda o senador Eduardo Suplicy e o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Com exceção de Haddad, todos os outros nomes já foram testados pelo eleitor paulista. Marta e Mercadante atendem a um perfil defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: são candidatos que disputaram eleição e tem potencial de votação. Lula já disse ao senador que gostaria de vê-lo como plano B de Ciro Gomes. Mas Eduardo Suplicy insiste na tese de que pode atender melhor aos anseios da política nacional se estiver no Senado.

;Eu espero contribuir na condição de senador. Vamos perder senadores importantes e é preciso pessoas para viabilizar os projetos no Senado;, defendeu Mercadante. O fato é que Lula o quer deslocado para o governo por achar que Mercadante reúne melhores condições de ser candidato. A favor de Emídio de Souza conta o fato de ele ter o apoio da maioria do partido, incluindo parte da bancada de deputados federais. ;Em março vamos reunir 40 pessoas do nosso grupo para discutir essa questão;, disse o prefeito de Osasco.

Medo
Dentro do PT de São Paulo, não há mais nenhum político que aposte na candidatura de Ciro Gomes, como já disse o ex-presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini. Mas não há uma cobrança mais enfática em cima do deputado do PSB, com medo de que o movimento o jogue na disputa presidencial, justamente como não deseja Lula.

Um dos obstáculos às pretensões de Emídio é o presidente do PT paulista, Edinho Silva, que tem posição afinada com o Palácio do Planalto. Nos bastidores, os petistas admitem que será difícil Mercadante rejeitar uma ordem de Lula. E lembram que até agora Marta Suplicy movimentou-se apenas nos bastidores. Ela está pronta para abocanhar a vaga ao Senado. No partido, todos consideram a eleição ao Senado, com duas vagas em jogo, quase certa para um petista e o governo estadual arriscado. O senador Aloizio Mercadante reluta em aceitar por considerar que seu futuro político está em jogo. Se abdicar do Senado, pode ficar sem cargo e ver sua influência diminuir na legenda.

"Eu espero contribuir na condição de senador. Vamos perder senadores importantes e é preciso pessoas para viabilizar os projetos no Senado"
Aloizio Mercadante, senador do PT-SP

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