postado em 25/02/2010 07:02
A divulgação das primeiras informações sobre as investigações teve um impacto significativo para as contas da Câmara dos Deputados. A Casa gastou, em janeiro do ano passado, R$ 138,9 mil com o pagamento de vales-transportes para seus funcionários. A descoberta da fraude vazou para os corredores da Câmara em novembro do ano passado. A repercussão da notícia pôde ser medida nos gastos de janeiro deste ano, quando o custo caiu para R$ 60,3 mil ; menos da metade do registrado no mesmo período de 2009.[SAIBAMAIS]A Câmara divulgou nota à imprensa afirmando que as investigações foram deflagradas antes de qualquer denúncia. Disse ainda que divulgou, pela rede interna de computadores, boletins alertando os servidores sobre as consequências da apresentação de documentos irregulares com o objetivo de recebimento indevido do auxílio-transporte. ;Além disso, os dois programas passaram por processos de recadastramento dos beneficiários;, ressaltou no documento.
O deputado Raymundo Veloso (PMDB-BA), que abrigou por três anos em seu gabinete Abgail Pereira da Silva, apontada como mentora do esquema, ao lado do marido, Francisco José Feijão, que foi motorista do deputado Sandro Mabel (PR-GO), disse que contratou a funcionária por indicação dos funcionários do colega parlamentar. ;Fui pedir indicações no gabinete do Mabel e eles me falaram dela. Me deram as melhores referências;, explicou.
Exoneração
Segundo ele, assim que foi alertado pela Polícia Legislativa da suspeita de que a secretária encabeçaria um esquema de fraude, exonerou-a. ;Eu disse a ela que se provasse a inocência na Justiça poderia voltar. Não posso negar que ela era uma boa funcionária. Sempre trabalhou direito. Mas eu tenho 72 anos e nunca vi uma coisa dessas;, disse o parlamentar. ;Não sei como eles conseguiam nomear gente. Estão investigando para saber se falsificavam nossas assinaturas;, completou. Segundo o deputado baiano, a ex-funcionária aceitou a demissão ;pacificamente;. A reportagem tentou contato com o deputado Sandro Mabel, mas não obteve retorno. Os dois parlamentares exoneraram os funcionários suspeitos de participação no esquema.
As investigações foram iniciadas após uma denúncia de que estaria havendo desvios no Programa de Assistência à Educação Pré-Escolar (PAE), o auxílio-creche. A fraude usando filhos de funcionários laranjas e escolas que emitiam notas fiscais com valores falsos foi o ponto de partida. A partir daí, cruzando dados e documentos, a Polícia Legislativa identificou distorções no pagamento dos vales-transporte.
Há, em poder dos investigadores, comprovantes de residência, como contas de luz, e até contratos de locação falsificados por servidores da Casa. A intenção era ampliar a distância entre o trabalho e a residência, para fazer com que o benefício chegasse ao valor máximo, de R$ 480.