Politica

Para fortalecer a campanha, 500 mil petistas serão convocados a inundar internet com propaganda de Dilma

postado em 26/02/2010 07:00
O PT prepara uma operação de guerra na internet a fim de dar fôlego à campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ideia é municiar com textos, áudios e vídeos os 518.912 filiados que participaram, em novembro de 2009, das eleições internas do partido. Eles terão a missão de reproduzir e distribuir o material de propaganda em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter e Google Buzz. Uma das prioridades do novo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), a estratégia tenta transplantar para o mundo virtual (1) a base social da legenda, considerada um dos trunfos na ofensiva para derrotar o PSDB na sucessão presidencial.

;O PT já conta com uma imensa base social, ao contrário dos tucanos. A nossa militância tem discurso e será estimulada a divulgá-lo;, diz Vargas. ;Vamos trabalhar fortemente na internet. O Twitter, por exemplo, pauta a mídia e é um instrumento formador de opinião.; A direção nacional petista ainda não sabe como tirar o plano do papel. Nem sequer tem orçamento definido para tanto. O valor dependerá do desempenho na arrecadação de doações eleitorais. Há, no entanto, propostas à mesa. Vargas prevê a criação de milhares de comitês virtuais, que teriam a tarefa de adaptar o discurso nacional às realidades regionais.

Cogita, ainda, montar estruturas físicas que seriam usadas pelos filiados para inundar as redes sociais de elogios a Dilma e críticas ao concorrente da oposição na disputa pela Presidência da República ; provavelmente, o governador de São Paulo, José Serra. ;A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação;, afirma Vargas. A menção do deputado à contrainformação não é à toa. O páreo presidencial deste ano tende a ser acirrado e de baixo nível, segundo governistas e oposicionistas. Marqueteiro de Lula e de Dilma, João Santana manterá a linha ;paz e amor; na propaganda da ministra. Reforçará as realizações da gestão petista, comparando-a com os oitos anos de mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, e apresentará propostas para acelerar o ritmo da suposta herança bendita deixada pelo atual presidente.

Jogo pesado

Caberá à militância partir para o confronto direto e desferir, se necessário, golpes abaixo da linha de cintura do adversário. No ano passado, no auge da crise que assolava o Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), montou uma espécie de bunker virtual só para rebater notícias e declarações que defendiam a saída dele do cargo. Antes de ser descoberta, a tropa sarneyzista se dedicava a desqualificar notas postadas nos principais blogs de política do país. Na empreitada, usava os espaços destinados aos comentários. A estratégia pode ser reeditada pelo PT na campanha presidencial. ;A baixaria vai acontecer. Agora, acho que não dá resultado;, declara Vargas.

O novo secretário de Comunicação é considerado um moderado. ;Talvez, o mais moderado entre os moderados;, diz, bem-humorado. Foi alçado ao posto a fim de barrar a articulação de um grupo petista destinada a emplacar na função o deputado estadual Rui Falcão (SP). Ligado à ex-prefeita Marta Suplicy, Falcão é apontado como um dos responsáveis pela propaganda do PT que em 2008, durante a campanha pelo comando da capital paulista, fazia perguntas sobre a vida pessoal do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Segundo os democratas, a peça insinuava que Kassab é homossexual. Tirada do ar diante da repercussão negativa, não impediu a derrota de Marta na disputa.


1 - Modernização
Em outubro do ano passado, o PT lançou um novo portal na internet, com emissora de rádio e canal de televisão. O projeto custou cerca de R$ 600 mil ao partido. Além disso, há previsão de um custo mensal de R$ 60 mil com a manutenção do espaço virtual. Segundo o deputado federal André Vargas (PR), 30 mil pessoas assistiram a trechos do discurso de Dilma Rousseff em 20 de fevereiro, quando a ministra foi aclamada candidata da sigla à Presidência da República. O dado seria uma das provas do acerto da legenda ao apostar na rede mundial de computadores.

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