Politica

Dissidente cubano diz que Lula esqueceu o passado

Jornalista Guillermo Fariñas afirmou que presidente não lembra que foi um perseguido político da ditadura

postado em 10/03/2010 21:39
A frase pela qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou os dissidentes cubanos que fazem greve de fome com os bandidos comuns presos em São Paulo repercutiu fortemente em Cuba. E de forma negativa - especialmente por quem se viu atingido.

Em entrevista a Zero Hora na tarde de quarta-feira, a professora e oposicionista cubana Licett Zamora, que é a porta-voz da greve de fome do psicólogo e jornalista Guillermo Fariñas, repassou à reportagem o que ele diz a respeito da declaração.

"A única coisa que ele me disse foi que precisava fazer uma declaração, porque chama a atenção que um senhor proveniente da classe trabalhadora proceda assim. A única coisa que tenho a declarar é que Lula é um cúmplice do governo cubano que se esqueceu de quando foi um perseguido político da ditadura brasileira nas décadas de 60 e 70 do século passado. Isso é tudo o que ele me disse que tinha de dizer."

A declaração de Lula, feita na terça-feira, foi a seguinte:

"Penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade".

A frase do presidente brasileiro ocorreu no momento em que Fariñas mantém uma greve de fome desde o dia 24 de fevereiro, na cidade de Santa Clara.

No fim do mês passado, no mesmo dia em que Lula visitava Cuba para um encontro com o presidente Raúl Castro, o também dissidente Orlando Zapata morreu em razão de complicações de saúde provocadas por uma greve de fome. Logo após este episódio, Lula já havia questionado o método utilizado pelos opositores políticos cubanos para pressionar o governo pela liberdade.

Na frase de terça-feira, porém, foi a primeira vez que o presidente usou a palavra "bandido" em seu discurso.

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