Curitiba ; Investimentos como o que a Petrobras está fazendo na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, foram determinantes para que o Brasil fosse o último país a ser atingido pela crise financeira internacional e o primeiro a sair. Assim definiu hoje (12) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conclusão da primeira etapa das obras de ampliação e modernização da refinaria.
Lula respondeu a insinuações que, segundo ele, a imprensa fez, levantando suspeita de que sua presença na conclusão da primeira etapa das obras da Repar poderia ser classificada como pré-campanha, já que ele foi acompanhado da pré-candidata do PT à Presidência, a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff. ;O que engorda o porco é o olho do dono. Se o presidente e o governador não saírem às ruas, as pessoas não vão saber o que está acontecendo;.
"Vendo o rosto dos trabalhadores aqui, hoje, fico orgulhoso, porque não faz muito tempo que a Petrobras tinha que mandar embora 27 mil trabalhadores porque o Tribunal de Contas da União [TCU] tinha mandado um aviso que tinha suspeita de irregularidade e essa obra tinha que ser suspensa;, afirmou referindo-se à recomendação do tribunal para a suspensão de obras com suspeita de irregulares e que constavam da lei orçamentária de 2010.
Lula disse que um presidente não pode se submeter a esse tipo de pressão se o resultado de sua ação for para prejuízo de alguém. ;Se tem que fazer investigação, apure, mas não vamos fazer com que um trabalhador fique desempregado porque alguém suspeita que alguma coisa está acontecendo;, disse.
Ele também justificou o seu veto à decisão do Congresso de suspender obras. ;Isso, na verdade, era para ser aprovado. Não foi aprovado porque um senador esqueceu de ir votar e outro companheiro que ia votar, deu comparecimento lá e foi jantar. Nessa hora, colocaram em votação.;
Para ele, a manutenção dos empregos foi o mais importante. ;Quando desci aqui, fiquei com orgulho, porque não tem nada mais sagrado do que ganhar com suor do seu sangue o pão de cada dia, de sua família. E é isso que muita gente não quer compreender no país;, afirmou. Ele enfatizou que a Repar, hoje, é o maior canteiro de obras do Paraná.
Lula lembrou que os Estados Unidos e a Europa perderam, cada um, 7 milhões de postos de trabalho no auge da crise financeira e o Brasil, ao contrário, gerou postos de trabalho, num total de 950 mil.
;Tem gente que, até hoje, não está convencido de que eu deveria ser presidente da República por eu ter sido torneiro mecânico. Mas esse país mudou, porque aprendemos a gostar de nós, não queremos ser tratados como cidadãos de segunda categoria. Tinha um tempo em que o FMI [Fundo Monetário Internacional] diz o que fazer da nossa economia;.
O presidente disse que, no auge da crise, ;quando muitos faziam manchete dizendo que o mundo ia acabar e o trabalhador não queria comprar, tive a coragem de ir à televisão e dizer pra o brasileiro consumir.;
A ministra Dilma Rousseff disse que, no passado, se houvesse uma crise como a que se deflagrou no final de 2008 e com reflexos em todo o mundo ao longo de 2009, o governo teria paralisado uma obra do porte da Repar. ;Mas só tem um jeito de combater a crise. No início da crise, pelo incentivo ao consumo, por exemplo, o país saiu de uma reserva de US$ 205 bilhões e, hoje, sai da crise com US$ 241 bilhões.;
A Repar é o maior investimento do sistema Petrobras em unidade de refino ; US$ 5,4 bilhões . São 19 novas unidades que vão produzir coque de petróleo, gasolina, diesel, gás de cozinha, propeno e hexano, além de promover a melhoria da qualidade dos derivados produzidos.
No início de suas operações, em 1977, a refinaria possuía capacidade de processamento de 20 mil metros cúbicos de petróleo por dia. A capacidade, hoje, é de 32 mil metros cúbicos, que equivalem a cerca de 200 mil barris/dia. As obras de modernização da Repar geram 15 mil empregos e a conclusão dos trabalhos está prevista para o final de 2011.
Ainda hoje, o presidente estará em Londrina, no norte do Paraná, para participar da cerimônia de assinatura de contratos do programa Minha Casa, Minha Vida.