postado em 15/03/2010 13:35
Jerusalém (Israel) ; Determinado a ser um dos mediadores da paz entre Israel e a Palestina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (15/3) que não se lembra da última vez em que brigou. Ele afirmou que carrega no corpo o ;vírus da paz; desde que era bebê. O comentário ocorreu durante discurso a empresários, em Jerusalém, segundo a BBC Brasil.;Eu acho que o vírus da paz está comigo desde que estava no útero da minha mãe. Não me lembro do dia em que briguei com alguém;, disse o presidente.
Bem-humorado, Lula arrancou risos da plateia, inclusive do presidente de Israel, Shimon Peres, ao dizer que no PT há divergências que causam inveja em qualquer um. ;Eu já fiz muita disputa política, pertenço a um partido complicado (...). Temos divergências políticas de causar inveja a qualquer pessoa do mundo;, acrescentou.
Ao defender a busca pela paz, Lula citou um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, em 2003, quando disse ao norte-americano que o Iraque não era um problema do Brasil e que sua prioridade era combater a miséria.
;Pensei que teria animosidade na minha relação com o presidente Bush. Como fui sindicalista a vida inteira, imaginava que ia brigar muito com os Estados Unidos. Eis que o presidente Bush terminou o mandato e eu vou terminar o meu sem que tenhamos tido nenhuma divergência. Quando tivemos, resolvemos por telefone;, afirmou.
Segundo Lula, todos devem tentar acabar com as divergências e buscar o acordo. Como exemplo, citou o impasse com a Bolívia, quando o presidente Evo Morales impôs resistências à atuação da Petrobras no seu país. ;O primeiro discurso foi tomar a Petrobras. Mas entendemos que o gás era um direito da Bolívia, um patrimônio do povo boliviano e fizemos um acordo com eles.;
Em seguida, o presidente lembrou a pressão que sofreu para ser mais incisivo com o governo Morales. ;Tinha gente que queria que o Brasil fosse duro com a Bolívia. Talvez por causa da minha origem, não conseguia perceber como um metalúrgico de São Paulo ia brigar com um índio boliviano. Dialogamos e hoje estamos numa relação excepcional;, disse.
Para o presidente, o esforço do Brasil é para buscar o bem-estar da região, sem isolar um ou outro nem adotar medidas que beneficiem apenas os brasileiros.
"A nós brasileiros não nos interessa sermos grandes e ricos, se estivermos cercados de pobres. Não é sensato do ponto de vista da geopolítica estar cercado de gente mais pobre que você de todos os lados;, afirmou Lula.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que durante a reunião de Lula com Peres foi discutida a possível participação do Brasil no processo de paz. ;Ele valorizou muito o papel do Brasil em mais de uma situação, podendo ajudar a promover o diálogo. Ele acha que essa capacidade de fazer amigos com todos pode ser muito útil nessas situações, mas ali não era o momento de se discutir esses detalhes;, afirmou o diplomata.
Lula conversou ainda com os empresários israelenses sobre as oportunidades de investimento no Brasil, citando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o trem de alta velocidade entre Campinas, São Paulo e o Rio e as oportunidades de exploração de petróleo na Bacia de Campos.