postado em 18/03/2010 08:14
Num cochilo do governo, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou convite para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, depor sobre a acusação de desviar dinheiro da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) e de fundos de pensão para o caixa dois do partido. As acusações têm duas origens: investigação do Ministério Público paulista em cima da instituição de cooperados e depoimentos dados pelo doleiro Lúcio Bolonha Funaro entre 2005 e 2006 à Procuradoria-Geral da República sobre o escândalo do mensalão.A comissão aprovou ainda convites para o advogado da Bancoop, Pedro Dallari, e para o promotor de Justiça de São Paulo José Carlos Blat, autor das investigações sobre a cooperativa. Na Câmara, houve tentativa frustrada do DEM em chamar o tesoureiro na Comissão de Defesa do Consumidor para depoimento. Os petistas reagiram com ameaças. A cúpula do partido mandou recados à oposição de que se insistir em trazer ao Congresso o caso, eles convidarão Durval Barbosa para falar sobre o escândalo do mensalão no Distrito Federal, supostamente comandado pelo governo de José Roberto Arruda, detido na carceragem da Polícia Federal.
Nesse clima de guerra instalado no Congresso, não param de surgir acusações contra o PT. O doleiro Funaro levantou suspeita, nos depoimentos ao MP, de que o deputado cassado José Dirceu e o partido receberam, ;por fora;, R$ 5,5 milhões em operações envolvendo o instituto de seguridade social Portus. Vaccari, segundo Funaro, seria o responsável por negociar com os fundos de pensão.
Testemunha-chave nessas investigações, Funaro recebeu o benefício da delação premiada e em contrapartida teve suspensas acusações de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele tem o benefício da delação premiada há quatro anos. O doleiro apareceu no escândalo do mensalão como a fonte de recursos ilegais para o PL (hoje PR), comandado pelo deputado federal Valdemar Costa Neto (SP). O doleiro agia no mercado financeiro e tinha ligações com o publicitário Marcos Valério de Souza.
Além das acusações de ajudar num suposto esquema de desvio de recursos envolvendo os fundos de pensão durante o esquema do mensalão, Vaccari Neto também é acusado de praticar desvios na Bancoop, investigada pelo MP em São Paulo por apropriação indébita, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Segundo o promotor Blat, a antiga direção da Bancoop movimentou R$ 31 milhões em cheques para a própria cooperativa. O desvio prejudicou 3 mil famílias de cooperados, com prejuízo médio de R$ 33 mil. Segundo a investigação, dirigentes da cooperativa teriam criado empresas fantasmas que prestavam serviços superfaturados.
Motivações eleitorais
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que Blat age por motivações eleitorais fazendo acusações ;mentirosas;. Dallari, o advogado da cooperativa, afirmou que o promotor está obcecado em destruir a Bancoop. Até agora, a Justiça negou o bloqueio de contas da instituição e a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Vaccari por considerar o pedido de Blat inconsistente.
O MP paulista investiga pagamentos da Bancoop por serviços prestados em cheques no valor de R$ 10 milhões, entre 2003 e 2005, que tiveram como destino o ex-presidente da instituição Luiz Eduardo Malheiro e os ex-diretores Alessandro Robson Bernardino, Marcelo Rinaldo e Tomas Edson Botelho Fraga ; donos da empreiteira Germany, que tinha como único cliente a cooperativa. As notas emitidas pela empresa seriam superfaturadas em 20%.