postado em 18/03/2010 08:08
Em resposta à pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e executada pelo Instituto Ibope, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), avisa que a candidatura oficial do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência da República será lançada, provavelmente, em 10 de abril. Desde o ano passado, Serra resiste em apresentar-se como pré-candidato. Manteve-se decidido a dedicar-se integralmente ao estado que gerencia, para apresentá-lo como vitrine ao eleitorado do país. O problema é que enquanto Serra desviava o foco das eleições, a ministra da casa Civil Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula à sucessão conseguiu notoriedade e votos.Para a cúpula do PSDB, é a partir de abril, quando Serra mergulhará na campanha, que o potencial de crescimento do tucano será revelado. Os especialistas concordam, em certo aspecto, com a avaliação do tucanato. ;Nós ainda não sabemos que potencial é esse. O Serra despontou como favorito na disputa porque, em 2002, foi apresentado nacionalmente ao eleitorado, na primeira disputa presidencial que travou. É preciso saber se ele conseguirá esse ;recall; na memória do eleitorado;, analisou o cientista político Paulo Kramer.
Outra aposta do partido é apaziguar a base, dando mostras de que a disputa entre Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pela candidatura presidencial ficou no passado. Ontem, o paulista se reuniu com o presidente do PSDB em Minas, deputado Nárcio Rodrigues. O encontro marcou a primeira conversa de Serra com um enviado de Aécio. ;Comunicamos que o PSDB de Minas Gerais, especialmente o grupo sob a liderança de Aécio, estará completamente engajado na campanha de Serra assim que o governador de São Paulo se apresentar como candidato;, explicou Nárcio, ao sair do Palácio dos Bandeirantes.
Mesmo com a demonstração de apoio dos mineiros, Serra preferiu não comentar a pesquisa. Em seu Twitter, microblog que mantém na internet, no entanto, foi questionado sobre como se sentia com a proximidade da oficialização da campanha. ;Como me sinto? Assim: ;Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo;;, respondeu, citando Serra do Luar, canção de Walter Franco.
Ainda ontem, em São Paulo, Serra foi hostilizado por professores que estão em greve desde o último dia 8. Ouviu gritos de ;Dilma presidente; e ficou espremido durante um empurra-empurra promovido por seguranças e manifestantes. Teve até quem arremessasse um ovo no carro do governador. Para os especialistas, no entanto, diante das dificuldades que tem enfrentado no estado, o fato de Serra ainda manter a liderança nas pesquisas de intenção de voto é uma vitória. ;É admirável o Serra ainda estar na frente de Dilma;, avaliou o filósofo e professor da Unicamp, Roberto Romano. Segundo ele, Dilma contou com mais exposição desde o início do ano, enquanto Serra sofreu desgastes por conta das chuvas e dos protestos de setores organizados do estado de São Paulo.
Nós ainda não sabemos que potencial é esse. O Serra despontou como favorito na disputa porque, em 2002, foi apresentado nacionalmente ao eleitorado, na primeira disputa presidencial que travou. É preciso saber se ele conseguirá esse ;recall; na memória do eleitorado;
Paulo Kramer, Cientista político
Colaboraram Leonardo Augusto e Patrícia Rennó