postado em 29/03/2010 19:41
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães, defendeu hoje (29) que o Brasil desenvolva seu potencial no que se refere ao urânio, até 2022. O ministro disse que o país é um dos únicos três no mundo que têm urânio e que conhecem a tecnologia do ciclo completo de enriquecimento da substância, que é usada como combustível nuclear.
"Só dois países estão na mesma situação do Brasil: a China e os Estados Unidos", disse Samuel, em palestra no Rio de Janeiro. Em entrevistas anteriores à imprensa, o ministro já havia defendido que o Brasil exporte de urânio.
Mas, apesar de o país ter a tecnologia para desenvolver o ciclo completo de enriquecimento do urânio, ainda não tem capacidade de fazê-lo em escala industrial. No início do mês, em audiência no Congresso Nacional, Samuel Pinheiro Guimarães disse que o Brasil não tem alocado recursos necessários para esse fim e que faltam engenheiros nucleares no país.
O ministro também disse que, até 2022, o Brasil precisa reduzir sua vulnerabilidade política, principalmente com a entrada do país no Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a vulnerabilidade militar, com a reconstrução de sua indústria de defesa.
Sem mencionar explicitamente a polêmica em torno do programa nuclear iraniano, Samuel Pinheiro Guimarães também criticou a postura da comunidade internacional em relação a determinados países. Segundo ele, há, nas nações desenvolvidas, uma manipulação ideológica por meio de teorias, criadas por universidades e organismos internacionais, que distorcem a realidade.
"Essas teorias foram tão reprisadas [pela mídia] que alguns anos atrás nos convencemos de que o Iraque tinha armas de destruição em massa, que poderiam atingir Londres em 58 segundos. Acreditamos nisso e isso levou à invasão de um país e a sua destruição. Como foi possível gerar a interpretação de uma situação política que levou a consequências tão extraordinárias. Quem sabe não estamos diante de uma outra formulação desse tipo, que se articula gradualmente?", disse o ministro.
Segundo ele, os países mais bem armados procuram desarmar aqueles que têm menos potencial bélico. "Nas negociações na área de defesa, o que procuram os países extraordinariamente armados? Desarmar os desarmados. Naturalmente, porque afinal os países desarmados oferecem 'grande risco' para a paz internacional. Eles não têm armas, então eles são muito perigosos. Então, é preciso desarmá-los totalmente, até o último estilingue", ironizou o ministro.