O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, anunciou no final da tarde desta quinta-feira (1;/4) que permanece no governo. Ele decidiu não se desincompatibilizar do cargo público para disputar as próximas eleições, em outubro.
Meirelles não revelou qual cargo pretendia concorrer, mas especulava-se que ele pudesse ser candidato a vice na chapa da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A saída de Meirelles do governo era dada como certa há meses, mas acabou sendo posta em xeque nos últimos dias devido à revelação, pelo próprio presidente do BC, de que Lula gostaria que ele permanecesse no cargo até o fim do governo. Foi por causa do pedido do presidente que Meirelles decidiu permanecer no governo.
"Ficarei no Banco central visando garantir a tranquilidade, a estabilidade da economia brasileira. Decidi atender ao pedido do presidente Lula. No sentido de consolidar um trabalho de mais de sete anos de estabilidade da economia brasileira, da inflação".
Na ocasião, Meirelles havia dito que decidiria seu futuro em 24 horas.O prazo para a resposta, no entanto, venceu ontem, às 23h59min. Mas foi apenas há alguns minutos que o presidente decidiu comunicar sua decisão de permanecer no governo. Meirelles decidiu falar após o fechamento do mercado de câmbio, às 18h, para que suas palavras não tivessem reações apressadas no mercado.
Meirelles está no comando do Banco Central desde janeiro de 2003. Ele foi escolhido pelo presidente Lula para ocupar a cadeira no BC por causa de incertezas do mercado acerca da política que seria adotada pelo governo Lula. À época, a equipe que viria a conduzir a política econômica teve de divulgar uma carta aos brasileiros se comprometendo a manter o controle fiscal, o câmbio flutuante e o cumprimento das metas de inflação.
Analistas de mercado dizem que foi devido a esses fatores que o Brasil conseguiu obter a chancela de grau de investimento, o que quer dizer que o país passou a condição de bom pagador para o mercado externo.
"Eu nunca tive ambições políticas, já disse isso reiteradas vezes. Eu considerei a ambição política para consolidação da estabilidade da economia brasileira. Esta conquista, hoje, é visível, para a sociedade. Eu considerei a hipótese da ambição política, mas considerei que eu poderia contribuir mais para o país mantendo-me no BC", disse Meirelles.
Ele explicou que a decisão não foi tomada facilmente. "Conversei com muitas pessoas antes de tomar essa decisão", disse o presidente do BC, que emendou:"Atendi ao convite do presidente Lula naquela época, e sequer assumi ao mandato legislativo que eu tinha acabado de ganhar da população. Lá, como agora, eu mostro claramente que meu objetivo não é nenhum cargo político", finalizou.