postado em 12/04/2010 08:42
Alguns setores do PMDB estudam pedir mudanças nos rumos no comando da campanha da pré-candidata petista ao Planalto, Dilma Rousseff. Integrantes do partido da base consideram que, depois dos primeiros roteiros de viagem terem sido contestados pela oposição e por aliados, a ex-ministra se viu diante de um novo desafio de articulação ao escolher o Ceará como a segunda parada neste momento pré-eleitoral. No fim da semana passada, a campanha(1) decidiu que ela faria uma visita de dois dias a Juazeiro do Norte e a Fortaleza.
A aparição no estado foi vista como provocação pelo deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e pelo governador Cid Gomes (PSB). O PT local tem ameaçado romper a aliança com os socialistas, numa tentativa de forçar a desistência de Ciro (leia mais na pág. 5) do páreo presidencial. Na semana passada, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), reuniu-se com o ex-governador Lúcio Alcântara, cria de Tasso Jeireissati (PSDB), hoje no PR, para instá-lo a sair candidato contra Cid.
O PT ameaça romper com o governador socialista porque, além de ser uma forma indireta de acertar Ciro, Cid resiste em abrir espaço para José Pimentel, ex-ministro da Previdência, concorrer ao Senado em sua chapa. O deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) é o candidato do governador. O convite do PT a Alcântara seria uma maneira de acomodar interesses regionais. O detalhe é que, em 2006, os petistas juntaram-se ao PSB para derrotar o então tucano e governador em busca de reeleição Lúcio Alcântara.
CPI
Outro ponto considerado espinhoso é que, em Juazeiro do Norte, Dilma apareceria ao lado do prefeito Manoel Santana (PT), alvo de uma CPI, acusado de irregularidades na aplicação de dinheiro do governo federal. Diante do potencial problema, a campanha decidiu cancelar a viagem. Mas, no sábado, depois de reunir-se com dirigentes da campanha, Dilma decidiu manter a visita a Fortaleza para receber o título de cidadã da capital na Câmara de Vereadores, um convite feito na época em que ela era ainda ministra, e reunir-se com o empresariado cearense.
Martelo
Um parlamentar do PMDB defendeu a necessidade de a agenda da candidata levar em conta uma negociação com os aliados para evitar esse mal-estar com o PSB no Ceará. %u201CÉ preciso ouvir os aliados. Era bom que a assessoria dela negociasse tudo antes de bater o martelo para evitar ir a um lugar que está em pé de guerra%u201D, afirmou.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), contemporizou. Para ele, esse início de pré-campanha teve como lado positivo apresentar Dilma Rousseff ao eleitorado, reforçando as raízes da pré-candidata com Minas Gerais. Consequência ou não da pressão aliada, o fato é que ontem o comando de campanha da petista se reunião no quartel-general da candidata, no Lago Sul, para discutir estratégias para os próximos movimentos da ex-ministra.
1 - Diálogo ampliado
A campanha de Dilma pretende fazer uma correção de rota nesta semana em função de recentes pesquisas qualitativas sobre a imagem da ex-ministra. Setores comedidos do PMDB defendem a necessidade de ajustes. O que se propõe é que, em situações adversas, haja uma conversa mais ampla com os partidos aliados antes da definição de agendas.
Para Itamar, diversidade faz falta
Bertha Maakaroun
Pré-candidato ao Senado, o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS) ainda deixa em aberto que posicionamento político adotará em relação à disputa pelo Planalto, polarizada entre petistas e tucanos. Depois do encontro ontem com o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) no Palácio Tiradentes, Itamar, ao lado de líderes do PPS de Minas, reiterou a disposição em concorrer à segunda vaga do Senado na chapa majoritária encabeçada pelo tucano.
Segundo Itamar, há um processo de composição em curso, de negociação com as demais forças da base aliada de Aécio Neves em Minas, que deverá se estender até junho, prazo final para a realização das convenções partidárias e das homologações das chapas. %u201CO nosso candidato ao governo, não há dúvidas, é o governador Anastasia. A primeira vaga do Senado, evidentemente, é do ex-governador Aécio Neves. O PPS está indicando o meu nome para a segunda vaga%u201D, disse o ex-presidente da República.
No plano nacional, Itamar não quis se comprometer. Foi reticente, criticando os discursos dos pré-candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), por estarem muito parecidos. Em 2002, quando era governador de Minas, Itamar lançou o movimento %u201CLulécio%u201D no estado, apoiando a candidatura de Lula ao Planalto e do então presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB), à sua sucessão. Neste pleito, mesmo que no plano local ao lado dos tucanos Aécio Neves e Anastasia, Itamar se mantém reticente em relação à candidatura de José Serra. %u201CHavia, por onde caminho, um sentimento forte pela candidatura de Aécio à Presidência. Essa candidatura infelizmente não encontrou ressonância em São Paulo. A gente não pode por uma cortina de fumaça nisso%u201D, disse.
Mistério
Perguntado em quem pretende votar para presidente, Itamar manteve o suspense: %u201CNo meu caso, quero ouvir o discurso do Serra e da Dilma. Quero ver o voo solo dela, sem o Lula. Ela esteve em Minas e falou umas coisas interessantes%u201D, insinuou Itamar, sugerindo, sem explicitar, que fazia menção à polêmica declaração da ministra, que cunhou o termo %u201CAnastadilma%u201D, para o voto em Anastasia ao governo e em Dilma ao Planalto.