postado em 16/04/2010 08:20
Numa reunião na casa do presidente da Câmara, Michel Temer, os comandos do PT e do PMDB recorreram ao velho jeitinho brasileiro para evitar um racha definitivo entre os dois partidos em Minas Gerais: a prévia que deveria escolher o candidato do PT a governador do estado está mantida, mas a cúpula do partido acertou que não será mais para fechar o nome para disputar o Palácio da Liberdade. Indicará apenas aquele que será apresentado para a vaga do Senado na chapa do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, candidato do PMDB para o governo de Minas.O acordo entre os dois partidos só tem um obstáculo: ninguém acredita que dará certo. Tanto PT quanto PMDB consideram muito difícil que o ex-ministro do Desenvolvimento Patrus Ananias ou o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel recuem da candidatura depois da prévia, marcada para 2 de maio. A avaliação dos petistas mineiros, feita nos bastidores, é a de que escolhido o candidato, acabou. O PT não recuará de ter um nome seu na disputa pelo governo de Minas Gerais.
Da parte do PMDB, a avaliação é a mesma. Ainda que os presidentes do PT, José Eduardo Dutra, e do PMDB, Michel Temer, tenham combinado uma declaração conjunta logo depois da prévia para afirmar a chapa única entre os dois partidos em Minas, o risco do acordo fracassar não está afastado. E até que a situação esteja mais clara, a ideia dos partidos é manter Dilma longe de Minas.
O encontro entre petistas e peemedebistas reuniu, além de Temer e Dutra, os petistas José Eduardo Cardozo (SP); o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci; o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; e o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Da parte do PMDB, participaram ainda os líderes na Câmara, Henrique Eduardo Alves; no Senado, Renan Calheiros; o do governo no Senado, Romero Jucá, o senador Valdir Raupp e os deputados Eunício Oliveira (CE) e Eduardo Cunha (RJ). Nas mais de três horas em que ficaram na casa de Temer, a discussão se deu em torno de Minas Gerais, onde, o fracasso de um acordo põe em risco a aliança nacional entre os dois partidos. ;Há duas saídas: ou o casamento sai no acordo, ou na polícia, E não dá para casar na polícia;, definiu o deputado Eduardo Cunha, durante a reunião.
Bahia
Os demais 14 estados onde existem problemas entre PT e PMDB ficaram de ser tratados depois. No caso da Bahia, entretanto, os comandos partidários querem acertar um pacto de não agressão entre o governador candidato à reeleição, Jaques Wagner, e o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), que também vai concorrer ao governo baiano. Os partidos ficaram preocupados com a intenção de Geddel de polemizar com o governo estadual. A intenção deles é que Geddel bata no ex-governador Paulo Souto (DEM) e deixe Wagner de lado. Ocorre que o PMDB baiano sabe que só estará no segundo turno se conseguir tirar votos do PT e não dos herdeiros de Antonio Carlos Magalhães, que agora terão o apoio do PSDB e do PPS.
No caso do Pará, outro estado em que PT e PMDB não se entendem, a perspectiva também é a de que Dilma Rousseff terá que se conformar com dois palanques. Há problemas ainda no Rio Grande do Sul, para onde Dilma viajou ontem. A agenda da ministra será definida pelos partidos na próxima segunda-feira. Por ordem do presidente Lula, conforme antecipou o Correio na terça-feira, haverá uma reunião com os líderes dos partidos aliados para definir as viagens nesse período de pré-campanha. O local escolhido foi a casa do deputado Eunício Oliveira, candidato do Senado pelo PMDB do Ceará.